
Imagine a cena: uma sexta-feira aparentemente comum, o clima típico de Boa Vista — aquela mistura de calor e expectativa — e uma família buscando um momento de descontração. Foi assim que tudo começou. E foi assim que tudo desmoronou, literalmente.
Dois irmãos, ainda jovens, subiram numa daquelas rodas-gigantes que pintam o céu da cidade. A atração, que prometia vistas e risadas, se transformou num pesadelo de aço e gravidade. De repente, sem aviso, parte da estrutura simplesmente cedeu. Não foi um simples susto; foi um colapso.
Eles caíram. A queda foi violenta, direta, sem piedade. Testemunhas relataram à Polícia Civil um misto de gritos e silêncio — aquele tipo de pausa dramática que só acontece quando algo muito errado acaba de ocorrer.
Não foi "azar". Foi negligência
O delegado Rafael Montenegro não usou meias-palavras. Segundo ele, a investigação apontou falhas graves de manutenção e montagem no brinquedo. "Estamos falando de responsabilidade", disse, com a seriedade de quem já viu demais. Os responsáveis pelo parque — ainda não identificados publicamente — foram indiciados por lesão corporal grave. A Justiça agora entra em cena.
Os dois jovens sobreviveram, mas carregam marcas. Fraturas, traumatismos, medo. Muito medo. Eles receberam atendimento no Hospital Geral de Roraima, e seguem em recuperação — física, pelo menos.
E agora, o que muda?
O caso reacendeu um debate antigo, e necessário: a quem cabe zelar pela nossa segurança em momentos de lazer? Parque de diversões não é terra sem lei. É um espaço que deveria ser sinônimo de alegria controlada, não de risco ignorado.
A Polícia Civil reforçou que investigações desse tipo são prioritárias. "Não podemos naturalizar o sofrimento alheio por descaso", completou o delegado. E faz sentido. Quantos outros brinquedos por aí estão prestes a virar notícia?
Enquanto os responsáveis pelo parque se viram nos autos do processo, a família tenta recompor o que a queda quebrou. E a cidade fica ali, olhando para o céu, lembrando que às vezes o perigo mora ao lado — e se diverte junto.