O cheiro de queimado tomou conta do bairro antes mesmo do amanhecer. Por volta das 4h30 desta quarta-feira (30), um galpão que há anos acumulava poeira — e, claro, histórias mal contadas — resolveu virar cinzas diante dos olhos assustados de quem mora nas redondezas.
"Parecia aqueles filmes de terror, quando a fumaça começa a sair pelos cantos", contou Dona Maria, a aposentada que acordou com a luz das chamas refletindo na sua janela. Ela nem precisou do despertador — o susto foi garantido.
O que pegou fogo?
O tal galpão, abandonado há pelo menos três anos (segundo os vizinhos mais antigos), ficava numa esquina estratégica da Rua 10 de Maio. Virou ponto de encontro para coisas que não deveriam estar lá: entulho, restos de móveis e, suspeita-se, até alguns "visitantes" noturnos.
Os bombeiros chegaram em 15 minutos — tempo recorde para a região. Dois caminhões e seis homens trabalharam pra valer. "A estrutura já estava comprometida, então o risco de desabar era real", explicou o sargento Silva, enquanto enxugava a testa.
E os moradores?
Nervos à flor da pele. Alguns corajosos até tentaram ajudar, mas a fumaça densa — daquelas que arranham a garganta — afastou os curiosos. "A gente fica pensando: e se o vento muda de direção?", questionou o mecânico Roberto, apontando para as casas a apenas 50 metros dali.
Por sorte (ou talvez por falta de combustível), o fogo não se alastrou. Às 6h45, só restavam vigas retorcidas e aquele cheiro que insiste em grudar nas roupas. A Defesa Civil já vistoriou o local, mas ninguém sabe dizer quando vão remover os escombros. Enquanto isso, o povo segue de olho — e de nariz tampado.
