Era pra ser mais uma noite tranquila no bairro — mas o cheiro de fumaça cortou o ar como um aviso sinistro. Por volta das 21h desta segunda (28), um incêndio que começou Deus sabe como (suspeita-se de um curto-circuito, mas ninguém crava) virou o pesadelo real de dezenas de famílias na Vila Campesina, Osasco.
As chamas — aquelas danadas que parecem ter vida própria — devoraram pelo menos 15 casas de madeira num piscar de olhos. "Parecia um filme de terror", conta Dona Maria, 62 anos, que perdeu tudo menos a camisola do corpo. "A gente só teve tempo de sair correndo como louco."
O cenário caótico
Imagine a cena:
- Três caminhões dos bombeiros fazendo malabarismos nas ruas estreitas
- Gritos misturados ao estalado das labaredas
- Móveis e memórias virando cinza diante dos olhos
Os socorristas levaram duas horas — duas horas! — pra domar o fogo. E olha que tiveram ajuda de um vizinho herói que usou mangueiras caseiras pra impedir que o inferno se espalhasse ainda mais.
E agora, José?
A Defesa Civil tá abrigando os desamparados numa escola próxima. Cobertores, comida e água não faltam — mas o que dói mesmo é o vazio de quem perdeu fotos, documentos, aquele fogão comprado a prestação...
"A gente reconstroi, mas essas coisas não voltam", suspira o pedreiro João Carlos, 44 anos, enquanto segura a certidão de nascimento carbonizada do filho caçula.
Ah! E pra piorar? A prefeitura — aquela sempre cheia de promessas — diz que vai "avaliar os danos" (óbvio) e que tem um plano de ajuda emergencial (sempre tem). Mas os moradores, esses que tão no olho do furacão, já sabem: vão ter que contar mais com a solidariedade do Zé do Pão do que com qualquer papel assinado.
