O sol ainda nem havia clareado direito o céu de Santos quando o fogo começou a devorar tudo pela frente. Era madrugada de sexta-feira, e o que deveria ser mais um dia comum na maior comunidade de palafitas do país se transformou num pesadelo.
Segundo testemunhas — e aqui a voz delas treme ao contar —, as chamas pareciam ter vida própria, avançando rápido demais entre as frágeis construções de madeira. "Foi coisa de minutos", diz um morador, ainda com o rosto sujo de fuligem. "A gente tentou ajudar, mas o calor era insuportável."
Vítima fatal
No meio do caos, uma perda irreparável: Dona Maria (nome fictício), 72 anos, não conseguiu escatar a tempo. Os bombeiros encontraram seu corpo sem vida no local onde ficava sua casa — ou o que sobrou dela. Vizinhos contam que a idosa morava sozinha e tinha dificuldades de locomoção.
"Ela era aquela vovó que todo mundo conhecia", comenta uma vizinha, enxugando as lágrimas com a manga da blusa. "Sempre com um biscoito pra oferecer às crianças."
Operação de resgate
Mais de 20 viaturas do Corpo de Bombeiros trabalharam por horas para controlar o incêndio. O acesso difícil — típico de áreas de palafitas — complicou tudo. "Parecia uma batalha perdida", desabafa um soldado, o uniforme ainda úmido de suor e água.
- 15 famílias perderam tudo
- 5 pessoas ficaram feridas, mas sem risco de morte
- Área equivalente a 3 campos de futebol destruída
E agora? A pergunta que ninguém sabe responder direito. A Defesa Civil municipal prometeu abrigo temporário, mas os moradores — esses sim, especialistas em sobreviver contra todas as adversidades — já começam a reconstruir, tijolo por tijolo, o pouco que restou.
Enquanto isso, a fumaça ainda sobe da comunidade. E com ela, as dúvidas: como pode, em pleno 2025, gente ainda viver em condições tão precárias? Mas isso é conversa pra outro dia...
