
Um cenário digno de filme catastrófico se desenrolou nesta terça-feira (22) em Mairinque, no interior paulista. Chamas que pareciam ter vida própria devoravam uma fábrica de pneus enquanto bombeiros lutavam — literalmente contra o tempo — para controlar o caos.
Eis que surge a pior parte: aquela fábrica, que hoje virou cinzas, já estava com os dias contados desde 2019. Pelo menos no papel. A Cetesb, órgão ambiental paulista, confirmou que o local operava sem licença há seis anos. Seis anos! Tempo suficiente para uma criança entrar na pré-escola e sair alfabetizada.
Fiscalização? Que fiscalização?
Você já parou pra pensar como algumas coisas escapam pelo buraco da peneira? Pois é. Enquanto a fumaça negra subia ao céu — dessas que deixam a roupa do varal com cheiro de queimado —, moradores próximos relatavam que a fábrica "nunca parou de funcionar, nem na pandemia". Alguém estava dormindo no ponto.
O caso expõe uma ferida que não cicatriza:
- Empresa sem alvará desde o governo Bolsonaro
- Fiscalização que parece ter virado lenda urbana
- Risco ambiental que ninguém viu (ou fingiu não ver)
Não bastasse o prejuízo material — calculado em milhões —, a região agora respira alívio (e um pouco de fuligem) porque o vento ajudou a afastar a fumaça tóxica. Sorte? Talvez. Mas e se o vento soprasse para o lado errado?
O que dizem as autoridades
O corpo de bombeiros chegou a usar aquele jargão burocrático de sempre: "situação sob controle". Controle? Bom, se considerar que metade do galpão virou pó, até que está. A Cetesb, por sua vez, soltou uma nota cheia de juridiquês falando em "autuação" e "processo administrativo". Traduzindo: agora que o estrago tá feito, vão multar.
Moradores da região — esses sim, os verdadeiros especialistas no assunto — contam que reclamações sobre mau cheiro eram frequentes. "Todo mundo sabia, todo mundo reclamava, mas a fábrica continuava lá, firme e forte", desabafa um aposentado que prefere não se identificar. Medo de represálias? Justo.
Enquanto isso, o cheiro de borracha queimada ainda paira no ar. E não, não é metáfora.