Imagine acordar com um cheiro que mistura o pior do ovo podre com lixo esquecido no sol. Agora multiplique isso por 365 dias. Essa é a realidade dos moradores do Bairro Mantiqueira, em Belo Horizonte, que há meses convivem com esgoto escorrendo livremente pelas ruas — um retrato cruel do descaso.
"É como se a gente tivesse virado lixo humano", desabafa Dona Maria, 62 anos, enquanto mostra a água escura estagnada em frente à sua casa. A situação, que já era ruim, piorou depois das últimas chuvas. E olha que nem estamos no verão ainda...
Risco à saúde e dignidade
Médicos da UBS local alertam: os casos de diarreia e infecções de pele dispararam. "Toda semana atendo crianças com verminose", conta uma enfermeira que prefere não se identificar. O problema? Aquele líquido marrom nojento que invade calçadas e atrai ratos do tamanho de gatos.
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E tem mais: a prefeitura prometeu resolver em março. Passou abril, maio, junho... Nada. "É sempre o mesmo papo: falta verba, precisa licitação, blá-blá-blá", ironiza o líder comunitário João Batista, mostrando um vídeo do esgoto transbordando feito vulcão de sujeira.
O outro lado (que não ajuda muito)
A BH Resíduos — responsável pelo serviço — diz que "está ciente" e que "vistoriará o local". Enquanto isso, os moradores seguem improvisando: tapam buracos com pedaços de madeira, jogam cloro nas poças (que não adianta nada) e rezam para não chover.
"Já cansei de ligar para a prefeitura", diz a aposentada Luzia, mostrando uma pilha de protocolos inúteis. "Até quando vamos ser tratados como cidadãos de segunda classe?"
Detalhe que enoja: em alguns pontos, a tubulação rompeu tão feio que dá para ver... bem, melhor não descrever. Só digo que nenhum filtro de Instagram deixaria aquilo apresentável.
