
Imagine a cena: a tranquilidade do rio Negro, o coração da Amazônia batendo forte, e de repente... o caos. Foi mais ou menos assim que a sexta-feira (5) começou para 18 pessoas – entre turistas e tripulantes – a bordo de uma lancha que fazia o trajeto entre Manaus e o Parque Nacional de Anavilhanas.
Por volta das 8h da manhã, no meio daquela imensidão de água doce, um cheiro de queimado invadiu o ar. Não demorou muito para que as chamas surgissem, consumindo a popa da embarcação num ritmo assustador. O pânico, é claro, se instalou na hora. Gritos, correria, aquele desespero gelado que só quem vive uma situação dessas sabe como é.
Mas eis que, no meio do turbilhão, a sorte – ou a proteção dos céus – entrou em ação. Outras duas lanchas que passavam pelo local avistaram a fumaça espessa e não pensaram duas vezes. Alteraram suas rotas e foram direto para o resgate. Foi um daqueles gestos de solidariedade que restauram a fé na gente, sabe?
Milagre sobre as águas: incrivelmente, todos os 18 ocupantes foram retirados são e salvos. Ninguém se feriu gravemente. Os bombeiros militares foram acionados e confirmaram o óbvio ululante: o fogo tomou conta de tudo. A lancha foi totalmente destruída. Uma perda total, irrecuperável.
“Perdi Tudo, mas Me Preocupei com os Clientes”
O dono da embarcação, um senhor de 62 anos que já viveu de tudo um pouco nas águas amazonenses, deu um depoimento que corta o coração. “Eu perdi tudo, tudo mesmo. Mas, naquela hora, o que mais passava pela minha cabeça eram os passageiros. Eram vidas que estavam sob minha responsabilidade”, confessou ele, ainda visivelmente abalado.
Ele contou que a lancha tinha saído do porto de Manaus por volta das 6h30. Cerca de uma hora e meia depois, a tragédia se anunciou. A causa do incêndio? Ainda é um mistério. A Polícia Marítma já abriu um inquérito para apurar os motivos – se foi um problema mecânico, elétrico ou algo do tipo.
O que salta aos olhos – e isso é de uma grandeza humana tremenda – é a postura do proprietário. Enquanto a maioria de nós, diante de uma perda material dessas proporções, ficaria pensando no prejuízo financeiro, no bem que ralo abaixo, a preocupação dele foi genuinamente com o bem-estar alheio. “Graças a Deus todos estão bem, isso é o que importa”, reiterou, mostrando uma serenidade digna de nota.
O fato serve como um alerta, não é mesmo? Uma daquelas histórias que nos fazem refletir sobre a imprevisibilidade da vida e, ao mesmo tempo, sobre a incrível capacidade de resiliência e solidariedade que emerge nas horas mais difíceis. O Amazonas, com toda sua grandiosidade, testemunhou mais um capítulo dramático – e milagroso – em suas águas.