
O mar não perdoa. E na noite de quarta-feira, mostrou toda a sua fúria para um grupo de pescadores que simplesmente tentava ganhar a vida. Quatorze homens, em um barco que agora é pouco mais que um fantasma na imensidão azul — sumiu. Simplesmente evaporou das águas entre Ubatuba e Ilhabela, no litoral paulista.
O último contato? Por volta das 19h30. Um pedido de socorro quase sussurrado, um aviso de que a coisa estava feia. Ventos fortes, ondas que pareciam montanhas, uma escuridão que engole até a coragem. E depois… silêncio. O tipo de silêncio que corta a alma das famílias que agora esperam, na praia, olhando para o horizonte como se pudessem forçar o mar a cuspir seus entes queridos de volta.
Corrida Contra o Tempo
Mal a notícia chegou, a máquina de buscas entrou em ação — e que máquina. A Marinha do Brasil botou para funcionar tudo o que tinha: lanchas, helicópteros, gente preparada para o pior. Até uma aeronave SC-105 Amazonas, da Força Aérea, decolou para vasculhar a área de cima. Imagina a cena: o céu cinza, o mar bravo, e esses heróis anônimos procurando uma agulha no palheiro — ou melhor, um barco no oceano.
E não é só isso. Os próprios colegas pescadores, unidos pela irmandade do mar, saíram com suas embarcações. É a solidariedade no seu nível mais cru, mais humano. Ninguém fica parado quando vidas estão em jogo.
O Desespero das Famílias
Enquanto isso, em terra firme, a angústia é um peso físico. Parentes se aglomeram, esperando por qualquer sinal. Um nome, uma palavra, um pedaço de madeira quebrada — qualquer coisa que quebre a incerteza torturante. A Defesa Civil está lá, tentando dar suporte, mas como confortar um coração que está, literalmente, no mar?
“A gente não sabe se chora, se espera, se corre”, disse uma mulher, cujo marido está entre os desaparecidos. Sua voz trêmula diz mais que qualquer reportagem. É o retrato cru de uma tragédia que ainda está se desenrolando.
O que Se Sabe — e o que Não Se Sabe
- O barco: uma embarcação de pesca, que partiu para mais um dia de trabalho rotineiro.
- A tripulação: 14 homens. Pais, filhos, maridos. Gente comum.
- O último paradeiro: somewhere between Ubatuba and Ilhabela, onde o mar é lindo — e traiçoeiro.
- As condições: ventania forte, mar agitado. Típico de quando a natureza decide mostrar quem manda.
E agora? Agora é esperar. Torcer. Rezar — se for o seu caso. As operações continuam, e todo mundo segura a respiração. Porque no fim do dia, são 14 vidas que valem mais que qualquer notícia.