Era um daqueles dias em que o Rio Madeira parecia tranquilo — até que não estava mais. De repente, o barulho de um helicóptero cortou o ar, seguido pelo ronco de motores de barcos acelerando. Não, não era cena de filme: era a fiscalização em ação contra pesca predatória.
A coisa começou por volta das 5h da manhã, quando os fiscais do Ibama e policiais militares ambientais notaram movimentação suspeita perto de Porto Velho. Dois barcos, cheios de equipamentos de pesca ilegal, tentaram fugir ao perceberem a aproximação das autoridades.
Perseguição digna de Hollywood
O que se seguiu foi coisa de cinema — só que real. Enquanto o helicóptero sobrevoava a área para orientar as equipes, os barcos dos infratores ziguezagueavam pelo rio como se estivessem numa corrida maluca. Durou quase uma hora, essa dança perigosa entre fiscais e pescadores ilegais.
"Quando perceberam que não tinham para onde correr, tentaram se esconder numa pequena enseada", contou um dos agentes, ainda ofegante. "Mas com o helicóptero lá em cima, era como tentar se esconder debaixo de uma lupa."
O que encontraram
- Mais de 200 kg de peixes capturados ilegalmente
- Redes proibidas com malhas menores que o permitido
- Equipamentos de pesca elétrica — método predatório que devasta cardumes inteiros
Os dois homens presos, de 32 e 45 anos, agora respondem por crime ambiental. Se condenados, podem pegar até três anos de cadeia. E olha que a multa não é brincadeira: passa fácil dos R$ 10 mil.
"Essa região do Madeira é sensível", explica a bióloga Mara Silva, que acompanha o caso. "Quando tiram peixes jovens assim, comprometem a reprodução da espécie por anos. É um tiro no pé — ou melhor, no rio."
Enquanto isso, os peixes apreendidos foram doados para instituições de caridade. Ironia do destino: o que seria crime acabou ajudando quem precisa. Já os infratores? Bem, esses vão ter tempo de sobra para pensar na vida.
