
O coração de um pai se despedaçou em mil fragmentos nesta quarta-feira (21). Ali, diante das câmeras, dono José Carlos Alves da Silva transformou sua dor em palavras — cada uma mais pesada que a outra — ao relembrar os últimos momentos da filha, Maria Eduarda, de apenas 23 primaveras.
Ela era — e como era! — uma dessas almas raras que carregam o mundo no sorriso. Estudante de medicina no Paraguai, tinha a vida pela frente, mas o destino pregou uma daquelas peças cruéis que a gente nunca entende direito.
O Pressentimento que Ninguém Escutou
Maria Eduarda não queria voltar. Parece coisa de filme, mas não é. O pai contou, com a voz embargada, que a moça estava com um pé atrás em relação à viagem. "Ela não queria voltar para o Paraguai de jeito nenhum", revelou, como quem carrega um segredo pesado demais para os ombros.
E tem mais: a estudante vinha sentindo algo estranho nos últimos dias. Uma espécie de pressentimento, uma angústia sem nome que teimava em não sair de perto. Quem nunca teve um desses, né? A gente até ignora, mas lá no fundo…
A Tragédia na GO-060
O acidente aconteceu na madrugada de domingo, por volta das 3h30, na GO-060 — aquela estrada que já viu história demais. O carro em que Maria Eduarda estava, um Fiat Mobi, colidiu frontalmente com uma carreta. Na hora, pensei: outra notícia dessas, meu Deus.
Além dela, mais três jovens estavam no veículo. Dois deles, um casal, também não resistiram. O quarto passageiro, milagre ou ironia do destino, sobreviveu — mas segue hospitalizado, lutando pela vida.
Os corpos foram liberados pelo IML de Aparecida de Goiânia nesta terça-feira (20). O velório, aquela despedida silenciosa que ninguém merece, aconteceu em Hidrolândia.
Os Sonhos Interrompidos
Maria Eduarda fazia medicina em Ciudad del Este, no Paraguai. Tinha acabado de chegar ao Brasil para passar uns dias com a família — aqueles abraços que a gente acha que vão durar para sempre, até que não duram.
Ela retornaria na segunda-feira (19), mas resolveu adiar a volta. Será que sabia? Dá até arrepio pensar nisso.
O pai, dono José Carlos, trabalha como motorista de aplicativo. Disse que a filha era sua "menina", aquela pessoa que iluminava qualquer cômodo. "Ela era muito brincalhona, alegre", contou, entre lágrimas que não pediam licença.
O Que Fica
Enquanto isso, a Polícia Rodoviária Federal investiga as causas do acidente. Outro dia desses, mesmo trecho, mesma história. Quando é que a gente vai aprender?
No final das contas, sobram as lembranças. O pai prometeu nunca esquecer a filha — como se fosse possível. "Vou levar para o resto da vida", disse, com uma honestidade que doía.
E assim segue a vida: uns com tudo, outros com nada. E uma família em Goiás que, de repente, descobriu que o mundo pode ser pequeno demais para tanta saudade.