
Uma daquelas notícias que entalam na garganta — mais duas vidas ceifadas brutalmente no asfalto quente do Piauí. Na tarde de quarta-feira, 20 de agosto, a BR-343, aquela rodovia que corta o estado como uma veia aberta, foi palco de uma tragédia anunciada. E olha que não foi a primeira, nem será a última.
O caso? Uma colisão frontal daquelas que deixam até os mais experientes policiais de cara amarrada. De um lado, um Fiat Mobi — desses populares que enchem nossas ruas. Do outro, um Hyundai HB20. O encontro foi violento, cruel, sem chances para os ocupantes.
Dentro do Hyundai, duas mulheres que representavam o melhor do serviço público. A soldado PM Franciana Ribeiro, 36 anos — farda que vestia com orgulho — e Maria de Fátima Silva, 52, funcionária de carreira da Prefeitura de José de Freitas. Vizinhos, amigas, talvez até parentes… a vida inteira reduzida a um capítulo trágico nas estatísticas do DER.
O motorista do Mobi, um homem de 22 anos cujo nome a polícia ainda segura com força, saiu ileso. Ileso fisicamente, porque moralmente… bem, isso é outra história. Ele foi indiciado por homicídio culposo no trânsito — aquele crime que todo mundo acha que "nunca vai acontecer comigo".
O que significa "culposo" na prática?
Não foi intencional, claro. Mas a imprudência — seja por ultrapassagem mal calculada, excesso de velocidade ou simples distração — tem peso de tijolo na consciência. A Polícia Civil ainda investiga os detalhes técnicos: marcas no asfalto, deformações dos veículos, depoimentos contraditórios.
Mas uma coisa é certa: duas famílias estão arrasadas. A corporação militar chora a perda de uma colega. A prefeitura perde uma servidora dedicada. E o trânsito brasileiro? Continua sangrando — e a gente fingindo que não vê.
O que me deixa mais revoltado? A quantidade de acidentes nessa mesma rodovia. Parece que ninguém aprende. BR-343 virou sinônimo de risco, de curva perigosa, de notícia ruim no jornal local.
E agora?
O motorista responderá em liberdade — porque nossa legislação é assim mesmo. Processo correndo, advogados articulando, família das vítimas esperando justiça que nunca trará ninguém de volta.
Enquanto isso, a gente segue dirigindo por aí, olhando no retrovisor e torcendo para não ser o próximo.