A tarde de sexta-feira, 26, em Boa Vista tinha aquele calor característico do norte — mas o que aconteceu na Avenida Venezuela transformaria o dia numa sequência de horror. Por volta das 16h, um veículo de modelo Gol, placas de Roraima, colidiu violentamente com uma motocicleta. Na garupa da moto, Maria Eduarda, apenas 10 anos, não resistiu aos ferimentos. A mãe, que pilotava, sobreviveu — mas carrega agora o peso de uma vida inteira.
E aqui é onde a tese fica mais espessa que a poeira do local. Testemunhas que viram tudo — e algumas até prestaram os primeiros socorros — começaram a relatar, em off, uma pressão danada para «suavizar» os depoimentos. Um clima pesado, sabe? Como se alguém estivesse interessado em embaralhar os fatos.
«Não foi bem assim»: o coro que assusta
Duas pessoas que preferiram não se identificar — medo, né? — contaram à reportagem que receberam ligações estranhas. Insinuações. Um tom que vai da sugestão à ameaça velada. «Melhor não criar caso», ouviram. Coisa de filme, mas acontecendo aqui, no calor de quase 40 graus da capital.
O Departamento de Trânsito confirmou o acidente, claro. Disse que apura as causas. Mas e as intimidações? A Polícia Civil afirma que «tomou conhecimento» e vai apurar também — no mesmo ritmo de sempre, imagino.
O silêncio que fala mais alto
O motorista do Gol, segundo boletim inicial, seguiu para o hospital com ferimentos leves. Nada de grave. Mas desde então — silêncio. Nenhuma manifestação pública, nenhum pronunciamento através de advogados. E as testemunhas? Cada vez mais receosas.
É aquela velha história: quando a tragédia vem acompanhada de sombras, a dor da perda se mistura com a desconfiança. E uma pergunta fica no ar, ecoando no asfalto quente de Boa Vista: o que realmente aconteceu naquela tarde na Venezuela avenue?
Enquanto isso, a família de Maria Eduarda prepara o enterro. Uma vida de 10 anos interrompida num piscar de olhos — e um caso que promete dar muito o que falar.
