"Posso seguir com meus netos?" — Desabafo emocionante de mãe após condenação de motorista que matou ciclista em SC
Mãe de ciclista morta em SC fala sobre condenação do motorista

O silêncio no tribunal era quase palpável quando a sentença foi lida. Sete anos e quatro meses de prisão — em regime inicialmente fechado — para o motorista que, em 2020, tirou a vida de uma ciclista em Santa Catarina. Mas pra dona Marli, mãe da vítima, nenhuma pena seria capaz de preencher o vazio que ficou.

"A gente não comemora, né? Porque nada vai trazer ela de volta", diz a mãe, com a voz embargada. "Mas pelo menos agora eu posso olhar pros meus netos e dizer que fizemos tudo que estava ao nosso alcance."

O acidente que mudou tudo

Era uma tarde como qualquer outra quando a vida dessa família virou de cabeça pra baixo. O carro, em alta velocidade, invadiu a ciclofaixa — segundo testemunhas, o motorista parecia distraído. O impacto foi tão violento que a vítima, uma professora de 38 anos, não resistiu.

Três anos depois, o julgamento finalmente aconteceu. E aí veio a condenação por homicídio culposo (sem intenção de matar). "Culposo ou não, minha filha não está mais aqui", dispara dona Marli, com aquela mistura de raiva e tristeza que só quem perde um filho conhece.

Os netos e a dor que não passa

Os dois filhos da ciclista — hoje com 10 e 12 anos — são o motivo que faz dona Marli levantar da cama todo dia. "Eles me perguntam: 'Vovó, por que a mamãe não voltou?' Como explicar isso pra uma criança?", questiona, enquanto arruma os cadernos dos netos pra escola no dia seguinte.

O motorista condenado, que trabalhava como entregador, alega que "foi um acidente" e que está "arrasado". Mas a família da vítima não engole a história. "Acidente é quando não tem negligência", rebate o irmão da ciclista. "Ele estava acima da velocidade, na contramão... isso é irresponsabilidade."

O que muda depois da sentença

Com a condenação, o motorista ainda pode recorrer em liberdade — e provavelmente vai. Enquanto isso, a família tenta reconstruir a vida. "A gente aprende a conviver com a dor", filosofa dona Marli, enquanto mostra fotos da filha na parede da sala. "Mas dias como hoje são importantes. Mostram que a justiça, mesmo devagar, existe."

E os netos? "Eles são minha força. Quando um deles me abraça e diz 'te amo, vó', eu lembro que preciso seguir em frente — por ela, por eles, por mim."