
Pois é, meus amigos, a balança da justiça pendeu de forma decisiva — e barulhenta — para o lado da fiscalização. Numa decisão que já está dando o que falar nos postos de gasolina e nos grupos de WhatsApp de caminhoneiros, a Justiça Federal determinou o religamento imediato de todos os sistemas de monitoramento eletrônico de velocidade nas rodovias federais que cortam o Espírito Santo.
Nada de meias-palavras ou rodeios: a ordem é clara e direta. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) foram obrigados a colocar esses olhos eletrônicos para funcionar de novo, e rápido. A justificativa? Algo que todo mundo sabe, mas que muita gente teima em ignorar quando pisa fundo no acelerador: a relação direta entre o excesso de velocidade e a carnificina diária no asfalto.
O que motivou a decisão?
O juiz federal Fernando Cesar Baptista de Mattos, da 2ª Vara Federal em Vitória, não usou linguagem técnica ou juridiquês complicado. Ele foi na veia. Afirmou, com todas as letras, que a “desativação dos radares implica aumento do risco de acidentes”. E olha, ele tem um trunfo na manga: dados concretos. A própria PRF, em seus relatórios, admitiu que a velocidade irregular é a causa número um das ocorrências graves nas estradas. É uma contradição danada, não é? A instituição que sabe do problema ficar com os equipamentos desligados.
E não para por aí. O magistrado soltou uma frase que ecoa como um alerta: “A morosidade na manutenção dos equipamentos configura grave omissão estatal”. Ou seja, o poder público estava, na prática, negligenciando a sua obrigação mais básica: proteger a vida.
E agora, o que muda na prática?
Bom, se você é daqueles que aproveitou o silêncio dos radares para ‘esticar’ o pé, é melhor ir com calma. A paisagem familiar — aquele poste com a caixinha cinza — volta a ser um ponto de atenção (e de temor). A ideia não é, claro, encher os cofres públicos com multas. O objetivo declarado, e que consta na decisão, é um só: frear a escalada de mortes evitáveis.
Mas é claro que a medida não agrada a todos. De um lado, especialistas em segurança no trânsito e famílias que perderam entes em acidentes comemoram. Do outro, uma legião de motoristas revira os olhos, reclamando do que veem como ‘caça às multas’. É um daqueles debates que não têm fim à vista — um verdadeiro cabo de guerra entre o direito de ir e vir e o dever do Estado de garantir que esse direito não vire uma sentença de morte.
O fato é que os radares estão voltando. E com eles, aquele velho lembrete, incômodo para alguns, salvador para outros: na estrada, pressa é inimiga da perfeição. E, muitas vezes, da vida.