
Era uma noite como qualquer outra em São Carlos — até que tudo mudou. Duda Borelli, 24 anos, cheia de planos e com a vida pela frente, não imaginava que seu último trajeto seria no banco do carona. O veículo, conduzido pelo próprio marido — que, segundo testemunhas, estava visivelmente alterado —, capotou após uma curva mal calculada na SP-310.
O que se seguiu foi um caos. Vidros estilhaçados, metal retorcido, e o silêncio pesado que só tragédias desse tipo conseguem criar. Duda, infelizmente, não resistiu aos ferimentos. Já o condutor, além de arranhões e um braço fraturado, carrega agora o peso de uma culpa que, convenhamos, nenhum exame de alcoolemia consegue medir.
Um nome, muitas histórias
Quem era Duda? Pergunta difícil para quem agora só a conhece pelas manchetes. Para os amigos, a "menina dos olhos verdes que sabia abraçar com o olhar". Para a família, a irmã caçula que prometia trazer o mundo "numa bandeja de sonhos". Formada em design, ela planejava abrir um ateliê sustentável — "coisas feitas de afeto e material reciclado", como dizia.
O que ninguém conta é que, três dias antes, ela postara uma foto com a legenda: "Amor não é deixar o outro se destruir". Ironia cruel ou presságio? Difícil dizer.
Números que doem
- 58% dos acidentes fatais na região envolvem álcool
- 1 a cada 4 vítimas tem entre 18 e 29 anos
- O trecho da SP-310 já registrou 11 mortes só este ano
Enquanto isso, o marido — cujo nome a família pede para não ser divulgado — aguarda julgamento. "É um bom rapaz, só cometeu um erro", diz um vizinho. Mas e aí? Quantos "erros" como esse uma sociedade consegue tolerar?
No velório, alguém deixou um bilhete anônimo: "Duda, você virou estatística. Mas pra gente, sempre vai ser aquela risada que ecoava na cozinha da vó". Talvez seja assim que as melhores histórias terminam — não em pontos finais, mas em reticências...