
Era pra ser um dia de doçura, de celebração. Quem imaginaria que a espera pelos benditos doces de São Cosme e Damião terminaria em tamanha escuridão? A vida, às vezes, prega peças terríveis. Na tarde de sexta-feira, 26 de setembro, uma cena corriqueira nas periferias do Brasil — crianças reunidas na calçada, ansiosas pela guloseima — se transformou num pesadelo que vai marcar para sempre uma família de São Luís.
Duas vidas, tão pequenas e cheias de futuro, interrompidas de forma brutal. Maria Eduarda, apenas 7 anos, e seu primo Gabriel, de 5, brincavam próximos à Avenida dos Africanos, no bairro Coréia, quando um veículo, por razões ainda sob investigação, simplesmente invadiu a calçada. O susto dos outros crianças, os gritos... é difícil até de pensar.
Um Feriado que Virou Luto
O dia 27 de setembro é, tradicionalmente, dedicado aos santos gêmeos, Cosme e Damião. Uma data alegre, sinônimo de caramelo, pipoca e sorrisos infantis. Mas para essa família, a data agora carregará um peso imensurável. As crianças estavam na casa de uma avó, um local que deveria ser um refúgio de segurança, aguardando a distribuição dos famosos "salgadinhos" e doces que marcam a festividade religiosa.
Testemunhas contam que tudo aconteceu num piscar de olhos. O carro, um Honda Fit de cor prata, subiu no meio-fio e atingiu as crianças que estavam na calçada. O motorista, um homem de 62 anos, ficou no local e colaborou com os policiais do Batalhão de Trânsito (BPTran). Ele estava em velocidade compatível com a via? Distraído? A perícia vai ter que responder essas perguntas angustiantes.
O que Resta: Perguntas e uma Dor sem Tamanho
Os corpos das crianças foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML). Enquanto isso, a família tenta, em vão, entender o inexplicável. Como algo tão rotineiro, tão cheio de alegria, pôde acabar assim? A delegacia de plantão abriu um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente. Vão ouvir testemunhas, analisar imagens de câmeras... mas nenhum laudo, nenhuma conclusão, vai trazer de volta o sorriso da Maria Eduarda e do Gabriel.
É uma daquelas notícias que dá um nó na garganta. Faz a gente olhar para os próprios filhos e pensar na fragilidade da vida. São Luís, uma cidade tão vibrante, acorda hoje com uma ferida. A cena na Avenida dos Africanos já se dissipou, o trânsito flui normalmente, mas a marca da tragédia ficou. Ficou na calçada, ficou no coração da família e ficou na memória de uma comunidade que viu a inocência ser atropelada pela fatalidade.
Que os pequenos descansem em paz. E que a dor dessa família encontre algum consolo, por mais difícil que seja.