
Era para ser mais um dia normal. Thaís Pio, uma influencer de 23 anos que vivia mostrando seus momentos felizes nas redes sociais, estava no banco de trás de um carro em Campinas. O que ela não podia imaginar — e cá entre nós, quantos de nós realmente imaginamos? — era que aquele trajeto rotineiro se tornaria seu último.
O acidente aconteceu na noite de quarta-feira, mas os detalhes só foram confirmados agora. Thaís não usava cinto de segurança. Quando o veículo em que estava colidiu, a força do impacto simplesmente a projetou para fora do carro. A queda foi fatal.
Números que assustam — e deveriam fazer você pensar
Enquanto a notícia da morte de Thaís corre as redes sociais, deixando amigos e seguidores em choque, os números do trânsito de Campinas contam uma história perturbadora. A gente até fica sem saber o que é mais assustador: a tragédia em si ou a frequência com que arriscamos nossas vidas da mesma maneira.
Segundo dados do Detran, Campinas registra uma média de 26 multas por dia por falta de cinto de segurança. Sim, você leu direito: VINTE E SEIS. Todo santo dia. É como se a cada hora que passa, mais de uma pessoa na região decidisse que aquela 'chatice' de colocar o cinto não vale a pena.
O perigo mora no banco de trás — e na nossa cabeça
E tem um detalhe que muita gente teima em ignorar: no banco de trás, a sensação de segurança é ainda mais enganosa. "Ah, mas eu tô atrás, não precisa". Quantas vezes você já ouviu isso? Ou pior, já disse?
O caso de Thaís escancara o equívoco perigoso dessa crença. Em uma colisão a 50 km/h — velocidade comum nas vias urbanas —, uma pessoa de 70 kg é projetada com uma força equivalente a 1,5 tonelada. É como ser atropelado por um carro pequeno. De dentro do próprio veículo.
O que me faz pensar: por que diabos a gente insiste nesse jogo de roleta russa? Será que é aquela mentalidade de "comigo nunca acontece"? Ou simplesmente preguiça mesmo?
Além das estatísticas, vidas interrompidas
Thaís não era apenas mais um número nas planilhas do trânsito. Ela tinha 23 anos, uma carreira promissora como digital influencer, e — ironicamente — passava boa parte do tempo criando conteúdo sobre estilo de vida e bem-estar para seus seguidores.
Seu último story no Instagram mostrava ela sorridente, aproveitando o dia. Horas depois, a vida se esvaía num acidente que poderia — talvez — ter tido um desfecho diferente.
É triste pensar que precisamos de tragédias assim para lembrar do óbvio. O cinto de segurança não é uma sugestão, não é opcional, não é "chato". É a diferença entre chegar em casa e não chegar. Entre contar a história do susto e não ter chance de contar nada.
E agora, o que muda?
Enquanto a família de Thaís enfrenta o luto e a dor da perda, as ruas de Campinas seguem seu ritmo frenético. Os 26 multas diárias continuam sendo aplicadas, mas será que as pessoas continuam cometendo a mesma infração?
Talvez o legado dessa jovem — tragicamente interrompido — possa servir de alerta. Um lembrete mórbido, é verdade, mas necessário. De que a segurança no trânsito não é brincadeira, não é exagero, não é "frescura da lei".
Na pressa do dia a dia, no trajeto curto, naquela voltinha até a padaria, o risco é o mesmo. E a escolha — essa sim — é totalmente nossa.