Era para ser uma daquelas viagens inesquecíveis, sabe? Dois jovens brasileiros descobrindo as ruas de Lisboa, planejando um futuro juntos. Mas o destino — essa coisa traiçoeira — tinha outros planos. Um simples passeio se transformou no pior pesadelo que alguém poderia imaginar.
O coração do brasileiro Lucas (nome preservado por respeito) simplesmente desabou. Desabou de um jeito que poucos podem compreender. "Estou sem chão", ele confessa, numa voz que parece carregar o peso do mundo. A frase soa até clichê, mas quando você perde metade da sua alma num piscar de olhos, todas as frases feitas ganham um significado terrivelmente real.
O Dia Que Tudo Mudou
Foi numa dessas ruas charmosas de Lisboa, com seus calçadões e vielas, que a vida deles virou de cabeça para baixo. Ela — uma jovem cheia de sonhos e planos — foi atingida por um veículo. O detalhe mais cruel? Estavam caminhando juntos, de mãos dadas, quando o impensável aconteceu.
"A gente vinha conversando sobre nosso futuro", lembra Lucas, com aquela voz embargada que só quem já perdeu alguém de repente conhece. "Ríamos, planejávamos onde iríamos jantar, onde passaríamos o fim de semana. De repente... silêncio."
O Vazio Que Ficou
O que se segue após uma tragédia dessas é quase um clichê de filme triste — só que sem a possidade de desligar a TV quando fica pesado demais. Lucas descreve esses dias pós-acidente como "um turbilhão de dor, papelada e ligações intermináveis".
E tem aqueles momentos — entre uma burocracia e outra — em que a realidade bate com força brutal: ela não está mais aqui. Não vai mais rir daquelas piadas internas que só eles entendiam. Não vai mais reclamar quando ele esquecer de lavar a louça. Não vai mais nada.
O Sistema e a Dor
Enquanto tenta processar o luto, Lucas se vê navegando por um labirinto de procedimentos legais e médicos em terra estrangeira. "É surreal", ele comenta, com aquela mistura de incredulidade e exaustão. "Você está com o coração em pedaços e precisa preencher formulários, falar com autoridades, tomar decisões... como se fosse possível pensar claramente."
E tem a solidão — essa companheira indesejada que aparece nos piores momentos. Longe da família, dos amigos de infância, do conforto familiar. Lisboa, que antes era cenário de romance, agora é palco da sua maior dor.
Um Alerta Que Vai Além
Mais do que compartilhar sua dor, Lucas espera que sua história sirva de alerta. "As pessoas não imaginam como a vida pode mudar num segundo", reflete. "Um descuido no trânsito, uma distração... e vidas inteiras são destruídas."
Ele não quer que ninguém passe pelo que está passando. Essa talvez seja a única luz no fim desse túnel tão escuro — a possibilidade de que sua tragédia possa evitar outras.
Enquanto isso, Lucas segue em Lisboa — uma cidade que já não parece a mesma — tentando encontrar forças onde já não existem mais. Tentando honrar a memória de quem amou, mesmo quando cada lembraça dói como uma facada.
Às vezes, o mundo para. E a gente descobre, da pior maneira possível, que algumas feridas nunca fecham completamente — a gente só aprende a conviver com a dor.
