BR-163 em MT: 40 vidas perdidas em acidentes só no 1º semestre de 2025 — o que está por trás dessa tragédia?
BR-163 em MT: 40 mortes em acidentes no 1º semestre

Imagine sair de casa e nunca mais voltar. Foi o que aconteceu com 40 pessoas nos primeiros seis meses de 2025 na BR-163, em Mato Grosso — um verdadeiro beco sem saída para a segurança no trânsito.

Os números são de cortar o coração:

  • Uma morte a cada 4 dias e meio, em média
  • O dobro de vítimas fatais comparado ao mesmo período em 2024
  • 75% dos casos envolvendo caminhões — aqueles gigantes das estradas que viram armas quando a imprudência assume o volante

O retrato de um caos anunciado

Quem trafega por ali sabe: a BR-163 parece mais um campo de batalha do que uma rodovia. Trechos esburacados que desafiam as leis da física, sinalização que some como mágica e — pasme — motoristas que teimam em transformar a pista em pista de corrida.

"É como jogar roleta russa com cinco balas no tambor", desabafa um caminhoneiro que prefere não se identificar. Ele teme represálias por falar abertamente sobre as condições da via.

O que dizem os especialistas?

Engana-se quem pensa que se trata apenas de "azar" ou "destino". O professor de engenharia de tráfego da UFMT, Carlos Albuquerque, é categórico:

"Temos aqui uma equação perfeita para o desastre: infraestrutura capenga + fiscalização esporádica + cultura do 'jeitinho' brasileiro no trânsito".

E os números provam sua tese — 60% dos acidentes ocorreram em dias de chuva, quando a falta de drenagem adequada transforma a pista em um tobogã improvisado.

E agora, José?

Enquanto as autoridades prometem (mais uma vez) melhorias, famílias choram seus mortos. A dona de casa Maria das Graças, que perdeu o filho em um dos acidentes, questiona:

"Quantos precisam morrer para que algo mude? Meu João era só mais um número para eles, mas pra mim era tudo".

O DNIT garante que um plano de emergência está em andamento — incluindo recapeamento em 30 km considerados críticos e instalação de novos radares. Mas, como diz o ditado, entre a palavra e o asfalto, há um longo caminho.

Enquanto isso, a BR-163 segue cobrando seu preço em sangue. E a pergunta que não quer calar: quando vamos tratar vidas como prioridade, e não como estatística?