
O mundo parou para a família e amigos de Mariana Lacerda. Aos 32 anos, essa carioca vibrante que dedicava sua vida à ciência partiu de forma abrupta, deixando um vazio impossível de medir. Aconteceu em Lisboa, numa daquelas ruas movimentadas que nunca imaginariam testemunhar uma tragédia assim.
Era sábado, 27 de setembro, por volta das 21h—o horário em que a cidade portuguesa começa a pulsar com a energia noturna. Mariana caminhava pela Avenida da Igreja, no movimentado bairro de Alvalade, quando o inesperado aconteceu. Um carro, talvez distraído, talvez em velocidade inadequada, atingiu a bióloga com uma força brutal.
O socorro veio rápido, é verdade. Os serviços de emergência portugueses chegaram rapidamente e a levaram ao Hospital de Santa Maria. Mas algumas batalhas, infelizmente, já estão perdidas antes mesmo de começarem. Após dois dias de luta intensa nos cuidados intensivos, Mariana não resistiu. Partiu na segunda-feira, 29 de setembro, deixando para trás sonhos interrompidos e um legado de paixão pela natureza.
O amor que fica
Quem vai conseguir esquecer a homenagem do namorado? Nas redes sociais, ele desabafou a dor que consome: "Você me ensinou tudo sobre ver a vida com outros olhos. Me ensinou a amar cada detalhe da natureza, a respeitar cada forma de vida". Palavras que doem só de ler, não é mesmo?
E continuou, num rompante de saudade que parece não ter fim: "Obrigado por cada risada, cada abraço, cada ensinamento. Você era minha melhor amiga, meu porto seguro, meu tudo". Às vezes a gente se pergunta como alguém consegue encontrar forças para escrever nessas horas—e ainda assim, é nessas palavras que a essência de Mariana permanece viva.
Uma vida dedicada à ciência
Mariana não era apenas mais uma brasileira no exterior. Formada em Biologia, ela carregava consigo aquela centelha rara de quem realmente acredita no que faz. Especializou-se em Gestão Ambiental, trabalhando como consultora na Green Step Portugal—uma empresa que, ironicamente, ajuda a tornar o mundo um lugar mais seguro e sustentável.
Ela tinha um jeito particular de enxergar o mundo. Enquanto muitos de nós passamos pela vida sem notar os detalhes, Mariana parava para observar o voo de um pássaro, a textura de uma folha, o comportamento quase imperceptível dos insetos. Era como se ela visse cores onde nós só víamos tons de cinza.
O apoio nos momentos mais escuros
Agora imagine a cena: pais despedindo-se da filha do outro lado do oceano. O consulado brasileiro em Lisboa não mediu esforços—está prestando toda assistência possível à família. Porque nessas horas, cada gesto de apoio conta, cada mão estendida faz diferença.
Os amigos criaram uma vaquinha online, porque a vida tem dessas contradições dolorosas: além da dor da perda, ainda há custos funerários para resolver num país estrangeiro. A solidariedade tem sido o único consolo nesse mar de tristeza.
Mariana deixa um alerta silencioso—sobre a fragilidade da vida, sobre a importância de cuidarmos uns dos outros no trânsito, sobre como um segundo de distração pode mudar tudo para sempre. Sua partida nos lembra, de forma cruel, que devemos valorizar cada momento como se fosse o último.
Porque no fim das contas, são as histórias como a dela que nos fazem parar e pensar: que legado estamos construindo? Que marcas estamos deixando? Mariana, com certeza, deixou sua marca—não apenas na ciência, mas no coração de todos que tiveram o privilégio de conhecê-la.