Acordo Sob Medida: Como Lula e o PT Facilitaram a Aliança de Lira com a Extrema-Direita
Lula e PT por trás do acordo de Lira com extrema-direita

Parece que em Brasília, quando o assunto é poder, os antigos rivais podem se tornar melhores amigos da noite para o dia. Aquele ditado sobre política e interesses nunca pareceu tão atual.

O que está vindo à tona agora é que o Palácio do Planalto, pasmem, não foi um mero espectador do recente e barulhento acordo entre o presidente da Câmara, Arthur Lira, e a turma mais radical da direita. Na verdade, fontes bem posicionadas indicam que a cúpula petista deu uma mãozinha – e das boas – para que esse pacto, no mínimo controverso, saísse do papel.

O Jogo de Cena que Ninguém Contou

Enquanto a gente via os holofotes apontados para Lira e seus novos aliados de extrema-direita, nos bastidores a história era outra. O governo Lula, numa jogada que mistura realismo político com uma pitada de cynismo, decidiu que era melhor ter esse pessoal por perto – ainda que sob um acordo frágil – do que virar alvo constante de uma oposição furiosa e sem freios.

Pensa bem: qual é a alternativa? Um Congresso totalmente imprevisível, travando cada medida do governo? Melhor então tentar domesticar o leão, mesmo que ele ainda mostre os dentes de vez em quando. Foi basicamente isso que motivou a estratégia.

Os Detalhes que Fazem a Diferença

O cerne do acordo, que muita gente acha um absurdo, não é só sobre cargos ou verbas. Claro, isso sempre existe. Mas vai além: é uma trégua armada. De um lado, o governo garante que parte da sua agenda consiga avançar, mesmo que a passos lentos. Do outro, a bancada bolsonarista ganha um espaço de influência que não teria se ficasse apenas no modo de protesto permanente.

  • O Planalto abriu as portas: Reuniões discretas, conversas indiretas, tudo foi feito para não chamar atenção até a hora certa.
  • O PT engoliu seco: Muitos na base petista não gostaram nem um pouco, mas acabaram aceitando a narrativa do "mal necessário".
  • Lira saiu fortalecido: O presidente da Câmara mostrou, mais uma vez, que é o grande maestro das articulações no Congresso.

Não é ironia? O mesmo governo que chegou ao poder criticando fortemente o que chamou de "centrão fisiológico" agora se vê negociando com uma versão ainda mais radical dele. A realidade, como sempre, é mais complexa do que os discursos de campanha.

E Agora, o que Esperar?

Essa aliança, é claro, não é um mar de rosas. Ela é instável, cheia de contradições e pode desmoronar a qualquer momento. Qualquer passo em falso do governo, qualquer declaração mais inflamada de um lado ou do outro, e tudo pode virar um verdadeiro campo de batalha.

Mas uma coisa é certa: a política brasileira entrou num terreno novo, onde as linhas que separam governo e oposição estão mais borradas do que nunca. E o Planalto, ao que tudo indica, decidiu que é melhor jogar esse jogo arriscado do que ficar de fora dele.

O tempo dirá se a aposta valeu a pena ou se vai custar caro demais para um governo que prometeu renovar a política.