
Parece ironia do destino, mas é a pura realidade do xadrez político brasileiro. Lula até conseguiu respirar mais aliviado nas últimas pesquisas — quem acompanha o noticiário sabe disso. Mas cá entre nós: será que isso basta?
O fato é que o ex-presidente ainda dança conforme a música que seu arquirrival toca. E que música! Bolsonaro, mesmo afastado do centro do poder, continua sendo essa presença quase fantasmagórica que dita o ritmo da dança.
O paradoxo que poucos enxergam
Enquanto muitos comemoram os números mais verdes para Lula, eu fico pensando na teia invisível que ancora sua trajetória. Melhorou? Sem dúvida. Mas a dependência dessa figura polarizadora — sim, estou falando de Bolsonaro — me parece o verdadeiro calcanhar de aquiles dessa história toda.
É como se o palanque de Lula precisasse, paradoxalmente, do mesmo inimigo que jurou derrotar. Sem o bolsonarismo como contraponto, que bandeiras restariam? Difícil responder, não é?
Os números contam apenas metade da história
As pesquisas mostram recuperação, claro. Mas elas são fotos estáticas de um filme em constante movimento. E nesse filme, Bolsonaro não é coadjuvante — é praticamente codiretor.
O que me preocupa — e deveria preocupar a todos — é essa aparente necessidade de um "inimigo necessário". Quando sua viabilidade eleitoral depende tanto da existência do oponente, algo cheira mal na política.
E olha que não estou defendendo nenhum dos lados, apenas apontando o óbvio que muitos preferem ignorar.
O eleitor no meio do fogo cruzado
Enquanto isso, o cidadão comum fica nesse pingue-pongue exaustivo. De um lado, Lula tenta se reconstruir. Do outro, Bolsonaro mantém sua base firme — e barulhenta.
O resultado? Um país que parece viver em eterna campanha eleitoral, com a população refém dessa bipolaridade política que não dá trégua.
Será que em 2026 teremos novamente esse duelo? A pergunta que não quer calar é: alguém consegue imaginar um cenário onde um exista sem o outro?
Pensem nisso.