
A poeira não baixou nem um pouco para o ex-ministro Ciro Nogueira. Nesta segunda-feira (1º), ele deu um passo que muitos consideram crucial na sua defesa: protocolou um pedido formal junto à Advocacia-Geral da União (AGU). O objetivo? Acessar — e rápido — todos e quaisquer registros de sua passagem pela Casa Civil. Tudo, mas tudo mesmo: agenda de compromissos, registros de entrada e saída de pessoas, telefonemas oficiais. A alegação é que esse material é essencial para provar que as acusações que pesam sobre ele não passam de um castelo de areia.
E que acusações são essas? Bombásticas. O Ministério Público Federal (MPF) soltou a bomba de que existiriam indícios — veja só — de que Nogueira teria se encontrado com ninguém menos que Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC). O suposto encontro, segundo a força-tarefa, teria acontecido nada menos que no Palácio do Planalto. Sim, você leu direito.
A defesa do ex-ministro, no entanto, não só nega com veemência como parte para o contra-ataque. Eles estão gritando aos quatro ventos que a quebra do sigilo telemático de Nogueira foi, nas palavras deles, "um verdadeiro festival de ilegalidades". O argumento é pesado: afirmam que a autorização judicial para vasculhar suas comunicações foi baseada num pedido do MPF que omitia fatos cruciais — uma quebra de decoro que, segundo seus advogados, invalida toda a operação.
"A quebra do sigilo foi seletiva e completamente desconectada de qualquer investigação concreta", dispara um trecho do pedido protocolado na AGU. A estratégia da defesa é clara: mostrar que, se o juiz tivesse acesso a todo o contexto — principalmente aos registros oficiais do gabinete que comprovariam seus afazeres na data citada —, a autorização jamais teria sido concedida. É como tentar fechar a porteira depois que o boi fugiu, mas eles acreditam que ainda dá tempo.
O caso, como era de se esperar, virou um verdadeiro pavio em meio ao barril de pólvora que é a política nacional. Especialistas em direito constitucional já começam a esquentar os motores, debatendo se a manobra da defesa tem pernas para andar. De um lado, a defesa do direito de amplo acesso às provas; do outro, a complexidade e o sigilo que normalmente envolvem investigações de alto calibre como esta.
Enquanto isso, o silêncio do Planalto é quase ensurdecedor. Ninguém lá quer tocar no assunto com uma vara de dez metros. O que se sabe é que a AGU agora tem a batata quente nas mãos e precisará decidir se entra com uma ação para liberar os tais registros — um movimento que, inevitavelmente, jogaria o governo num dos casos mais espinhosos dos últimos tempos.
O desfecho? Ah, o desfecho é uma incógnita completa. Uma coisa é certa: essa novela promete ter muitos capítulos e deve manter o país colado nas notícias. A tensão entre as instituições — MPF, Defesa, AGU e Justiça — está apenas começando a esquentar.