
Eis que o mundo da inteligência artificial dá um passo inesperado — e bastante polêmico, diga-se de passarinhos. A Perplexity, aquela startup que vem cutucando a onipresença do ChatGPT com vara curta, acaba de anunciar uma jogada que pode mudar as regras do jogo.
Eles criaram um fundo — batizado de Perplexity Publisher Fund — especificamente para pagar veículos de jornalismo pelo uso de seu conteúdo nas respostas de busca geradas por IA. Sim, você leu certo: uma empresa de tecnologia querendo remunerar fontes de informação. Algo raro nos dias de hoje, não?
Como a coisa funciona — na prática
A ideia, segundo o CEO Aravind Srinivas, é simples (pelo menos no papel): veículos parceiros receberão pagamentos regulares baseados no tráfego que a Perplexity direciona a seus sites. Quanto mais cliques, maior a fatia do bolo. E olha, o bolo não é pequeno: a empresa já destinou inicialmente uma reserva financeira considerável para bancar a iniciativa.
Nada mal para um setor que vive às turras com plataformas tech por conta de remuneração justa, certo?
Não é caridade — é estratégia
Claro, por trás do gesto aparentemente nobre há um cálculo empresarial afiado. A Perplexity sabe que a qualidade das respostas de sua IA depende diretamente da confiabilidade das fontes. E fontes confiáveis… bem, essas custam dinheiro para serem produzidas.
— Sem jornalismo profissional, a precisão das IAs cai drasticamente — admitiu Srinivas, em um tom quase confessional, durante o anúncio.
Traduzindo: é do interesse deles que os veículos sobrevivam. E prosperem.
O que os veículos ganham com isso?
- Remuneração direta por tráfego referenciado
- Visibilidade em uma plataforma crescente
- Parceria com uma das IAs conversacionais mais promissoras do mercado
Nada mau, considerando que muitas empresas de tech tradicionalmente tratam conteúdo jornalístico como commodity gratuita.
E os usuários?
Para quem usa a Perplexity, a mudança deve ser quase imperceptível — a não ser pela (esperada) melhora na qualidade e confiabilidade das respostas. Sem falar que, com veículos sendo remunerados, a tendência é que mais publishers queiram participar do programa.
Ou seja: todo mundo sai ganhando. Ou quase.
O modelo ainda está em fase inicial, é verdade. Mas já é um sinal importante de que a relação entre IA e jornalismo pode — pasmem — ser mais colaborativa do que predatória.
Restam dúvidas? Claro. Mas também sobra esperança. E no cenário atual, isso já é algo.