
Não é todo dia que uma charge consegue arrancar risos e, ao mesmo tempo, fazer você coçar a cabeça pensando: "Putz, é exatamente isso". Mas J.Caesar, com seu traço certeiro e ironia afiada, acertou em cheio mais uma vez.
A cena? Uma sátira que parece saída de um reality show bizarro — só que, infelizmente, é a nossa realidade política. O artista, como um cirurgião das palavras, dissecou o absurdo do momento sem dó nem piedade. E olha que nem precisou exagerar muito, viu?
O traço que corta como faca
O que mais impressiona não é só a criatividade — que já virou marca registrada do cartunista —, mas como ele consegue condensar tanta complexidade em poucos quadros. Parece fácil, mas é como tentar explicar o Brasil em três tweets. Quase missão impossível.
Dá pra sentir aquele humor ácido, tipicamente brasileiro, que a gente herança dos tempos do Pasquim. Só que, em vez de falar da ditadura, J.Caesar mira seus dardos nos nossos "tempos interessantes" — como diz aquele velho provérbio chinês que ninguém queria ver virar realidade.
Por trás do riso, o desespero
O mais engraçado (ou trágico?) é que, depois da primeira risada, vem aquele aperto no peito. Porque, convenhamos, algumas piadas doem mais quando são verdade. E o pior? A gente já até se acostumou com esse circo — falta só o cheiro de pipoca.
Mas não se engane: por trás do exagero caricatural, tem uma análise afiada como navalha. É como se o artista pegasse um espelho deformante e mostrasse que, mesmo assim, ainda reconhecemos os personagens. Assustador? Um pouco. Necessário? Com certeza.
No fim das contas, a charge cumpre aquela função antiga do bobo da corte: dizer verdades que ninguém mais pode (ou quer) dizer. Só que, em vez de coroa, a gente paga com likes e compartilhamentos. Bem-vindos ao século XXI.