Maniobra Política: Aliados de Bolsonaro Articulam Criação de 'Líder Fantasma' na Câmara
Bolsonaristas articulam criação de "líder fantasma" na Câmara

Eis que a poeira da eleição não baixou e a criatividade política já está a todo vapor — e dessa vez, com um toque de fantasia. Ou quase isso. Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro estão tramando nos bastidores uma jogada que, convenhamos, não é exatamente novidade, mas ganha contornos de inovação institucional. Ou seria subterfúgio?

Pois é. A ideia, segundo apurou a coluna Radar da Veja, é criar — segurem seus queixos — o cargo de “líder fantasma” da oposição. Sim, você leu certo. Algo como um representante oficial do bloco bolsonarista, mas sem assento na mesa direta de líderes partidários.

Nada mal para quem, tecnicamente, não tem bancada suficiente para exigir um líder de oposição nos moldes tradicionais, não é mesmo?

Mas por que inventar moda?

Bom, a justificativa é simples — ou nem tanto. O PL, partido do ex-presidente, é a maior legenda do Congresso, mas não detém sozinho a força necessária para assumir a liderança da oposição. Aí entra a jogada: unir forças com o União Brasil e outros partidos aliados para formar um bloco coeso. Coeso no papel, pelo menos.

O tal “líder fantasma” — expressionzinha que já rola nos corredores do poder — teria a missão de articular pautas, organizar votações e, claro, garantir acesso a informações privilegiadas e recursos. Algo que, convenhamos, todo grupo político deseja.

Mas tem um pepino. Arthur Lira, presidente da Câmara, já deixou claro que não está muito afim de abrir essa caixa de Pandora. Ele prefere manter o acordo atual, onde cada partido tem seu líder — e ponto final. Inventar categoria nova? Só se for para complicar ainda mais o que já não é simples.

Os interesses por trás do pano

Não se engane: por trás de todo título pomposo, existe muito interesse prático. Quem tem líder, tem voz. E quem tem voz, tem vez. E tempo de TV. E acesso a reuniões fechadas. E informações que valem ouro em um ambiente onde cada voto é uma moeda de troca.

Sem um líder oficial, os bolsonaristas ficam dependentes da boa vontade — ou da falta dela — dos líderes partidários com os quais não necessariamente comungam ideologicamente. E convenhamos, boa vontade em Brasília é artigo raro.

Mas será que a manobra cola? A resposta é: depende. Depende de Lira. Depende dos partidos. Depende até do humor do planalto central na próxima terça-feira.

Uma coisa é certa: a política brasileira nunca perde o talento para surpreender. Ou para repetir velhas fórmulas com nomes novos.

Fantasmas, líderes ou não, continuarão assombrando os corredores do Congresso. Com ou sem título oficial.