Polícia Militar do Rio adota reconhecimento facial em celulares: tecnologia a serviço da segurança
PM do RJ usa reconhecimento facial em smartphones

Imagine só: um policial saca o celular durante uma abordagem de rotina e, em segundos, identifica um foragido da justiça. Parece cena de filme, mas já é realidade nas ruas do Rio. A PM fluminense começou a usar um sistema de reconhecimento facial acoplado a smartphones — e a coisa tá dando o que falar.

Como funciona na prática?

Os PMs receberam aparelhos adaptados com um software que compara rostos capturados pela câmera com bancos de dados oficiais. "É tipo um 'Tinder' do crime", brinca um cabo que prefere não se identificar, "só que em vez de match romântico, a gente encontra mandado de prisão".

Os números impressionam: só nos primeiros 15 dias, a ferramenta ajudou a prender 23 pessoas procuradas. Entre elas, um estelionatário que vivia como "guru financeiro" em festas de alto padrão na Zona Sul.

O outro lado da moeda

Mas nem tudo são flores. Defensores de direitos digitais tão com o pé atrás. "É uma faca de dois gumes", alerta a professora de Direito Tecnológico da UERJ, Claudia Santos. "A tecnologia pode ser útil, mas sem regulamentação clara, abre precedentes perigosos".

O principal temor? Falsos positivos. Em testes preliminares, o sistema errou a identificação de 1 em cada 200 casos — número baixo para estatísticas, mas catastrófico quando vira prisão indevida.

E a privacidade?

Aqui mora o busílis. Diferente das câmeras fixas, os celulares policiais podem ser usados em qualquer lugar, a qualquer hora. "Vira um 'big brother' portátil", critica o ativista digital Marcos Ribeiro. A PM garante que as imagens não armazenadas são deletadas após 72 horas — mas especialistas questionam como auditar esse processo.

Enquanto isso, nas ruas, a opinião pública se divide. "Se ajuda a pegar bandido, sou a favor", diz a comerciante Maria das Graças, 58 anos. Já o estudante Lucas Oliveira, 22, torce o nariz: "Daqui a pouco vão me barrar na balada porque devo livro na biblioteca municipal".

Uma coisa é certa: a discussão sobre tecnologia e segurança pública acabou de ganhar um novo capítulo — e dessa vez, direto do bolso dos PMs.