
Imagine um cenário onde o ronco dos motores a diesel dá lugar ao silêncio quase absoluto de um motor elétrico. Pois é, esse futuro não só é possível como já está batendo na nossa porta – e quem garante é ninguém menos que Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Nesta segunda-feira (2), no Congresso da FIEE – aquele evento gigante que é praticamente a Disney da indústria eletrônica –, Maluf soltou o verbo sobre para onde estamos indo nessa jornada rumo à descarbonização. E olha, não é só sobre carrinhos chiques nas capitais.
O Agro Também é Elétrico
Um dos pontos altos da fala dele foi justamente a conexão, muitas vezes ignorada, entre o campo e a tecnologia de ponta. Maluf foi categórico: a eletrificação não é um luxo urbano. Tratores, colheitadeiras, caminhões para escoamento de produção... Tudo isso está na mira dessa revolução silenciosa.
E os motivos? Vão muito além da simples modinha ambiental. A conta, no final do mês, simplesmente fecha. E como fecha! A eficiência energética de um motor elétrico deixa qualquer combustão no chinelo. Menos manutenção, menos peças se desgastando, menos gasto com óleo e filtro. Para o produtor rural, que vive de margens apertadas, isso pode ser a diferença entre fechar no azul ou no vermelho.
Mais do que uma Oportunidade, uma Necessidade
O presidente da ABVE não mediu palavras. Ele enxerga a transição para a mobilidade elétrica como uma janela de oportunidade única – e talvez a última – para o Brasil se reposicionar no mapa industrial global. A gente tem a matriz energética mais verde do mundo, com vento, sol e água de sobra. Não fazer nada com isso seria, nas entrelinhas, um crime de desperdício.
Mas calma, não é só jogar na roda e torcer. Maluf alerta: precisamos de políticas públicas sérias, do famoso benchmarking (ou seja, copiar o que deu certo lá fora) e, principalmente, de coragem para investir. O momento é de agir, não de esperar.
Os Desafios no Horizonte
Claro, nem tudo são flores. Ele mesmo admitiu que a infraestrutura de recarga ainda é um monstro que assusta muita gente. Quem vai colocar um postinho de recarga no meio do Mato Grosso? Como garantir que uma frota de caminhões elétricos consiga fazer a viagem de São Paulo a Rondônia sem ficar na mão?
São perguntas complexas, mas que já têm respostas sendo testadas em outros cantos do planeta. O pulo do gato, segundo ele, é adaptar essas soluções para a realidade brasileira – e fazer isso rápido.
No fim das contas, a palestra deixou uma sensação clara: o trem (elétrico, claro) já saiu da estação. A questão não é se vamos adotar essa tecnologia, mas quando e como vamos fazer para não ficar para trás. E pelo visto, o agro, junto com a indústria, pode ser o motor principal dessa mudança. Quem diria, hein?