
Não é todo dia que um dos maiores nomes da ficção científica resolve jogar gasolina no debate sobre inteligência artificial. Ted Chiang — aquele mesmo que inspirou o filme A Chegada — soltou uma bomba: usar o ChatGPT seria como ser cúmplice de um crime. E olha que ele não está falando de ficção.
Plágio em escala industrial?
Chiang, que sempre teve um pé na tecnologia e outro na literatura, esmiuça o que muitos preferem ignorar. "É como encontrar uma máquina que cospe livros inteiros copiados de autores sem pagar direitos", dispara. A analogia? Pegar dinheiro de um assalto e fingir que não sabe de onde veio.
O cerne da crítica:
- Os modelos de IA são treinados com obras protegidas por direitos autorais
- Ninguém pediu permissão — muito menos pagou — aos criadores originais
- A indústria trata isso como "aprendizado", mas Chiang vê como apropriação indevida
O paradoxo da inovação
Aqui está o que dói: enquanto startups de IA valem bilhões, escritores lutam para pagar contas. "É inovação para alguns, exploração para muitos", ressalta o autor, cujas obras vendem menos quando versões robóticas inundam a internet.
E não adianta dizer que "todo mundo faz". Chiang contra-argumenta com uma pergunta que queima: "Quantos Shakespeares desempregados precisamos ter antes de questionar esse modelo?"
A resposta (ou falta dela) das Big Techs
Enquanto isso, no Vale do Silício… Nada. Ou quase. As empresas argumentam que seus sistemas "transformam" o conteúdo, não copiam. Só que — pasme — vários testes mostram IAs reproduzindo trechos inteiros com mudanças mínimas.
Pior: quando pressionados, alguns executivos admitem (entre dentes) que "talvez" precisem repensar o modelo. Enquanto isso, continuam lucrando.
E agora?
Chiang não é contra a tecnologia — longe disso. Mas defende que:
- Devemos exigir transparência sobre os dados de treinamento
- Criar mecanismos de compensação para autores e artistas
- Repensar as leis de direitos autorais para a era digital
O debate está aberto. De que lado você está?