
Imagine um mundo tão distante que leva 10 mil anos para completar uma única volta ao redor do Sol. Não, não é ficção científica – é exatamente o que os astrônomos suspeitam sobre o hipotético Planeta Nove.
Desde 2016, quando os pesquisadores Konstantin Batygin e Mike Brown do Caltech sacudiram a comunidade científica com suas descobertas, essa busca se tornou uma das maiores aventuras da astronomia moderna. E olha que não é pouca coisa – estamos falando de um possível planeta com massa 5 a 10 vezes maior que a Terra!
O que sabemos até agora?
Os indícios são sutis, mas intrigantes. Alguns objetos no Cinturão de Kuiper – aquela região gelada além de Netuno – apresentam órbitas estranhamente alinhadas. É como se algo enorme estivesse lá fora, influenciando seu movimento gravitacional.
"É como tentar encontrar uma agulha num palheiro cósmico", brinca a astrônoma brasileira Patrícia Figueiró, que participa das buscas. "Só que a agulha pode nem estar no palheiro que estamos olhando."
Os desafios da busca
- Distância absurda: Estima-se que o Planeta Nove esteja 20 vezes mais longe do Sol que Netuno
- Pouca luz: Reflete quase nada da luz solar, tornando-o invisível para telescópios convencionais
- Órbita excêntrica: Pode levar entre 10.000 e 20.000 anos para completar uma volta ao Sol
Mesmo com o poderoso telescópio Subaru no Havaí e simulações de computador avançadas, a caçada continua. "A cada ano que passa, ficamos mais convencidos de que há algo lá", comenta o professor Carlos Abreu, da USP. "Mas também mais frustrados por não conseguirmos colocá-lo no mapa."
E se não existir?
Aqui está o pulo do gato: alguns cientistas começam a considerar explicações alternativas. Talvez um buraco negro primordial – sim, um buraco negro do tamanho de uma bola de tênis! – esteja causando essas perturbações gravitacionais.
Outros apostam em um aglomerado de pequenos objetos cuja massa combinada produziria efeito similar. Mas convenhamos – a ideia de um nono planeta é muito mais... poética, não?
Enquanto isso, os telescópios continuam varrendo o céu noturno. Quem sabe nas próximas observações do Vera C. Rubin Observatory no Chile, finalmente teremos nossa resposta. Até lá, o mistério permanece – e é justamente isso que mantém os cientistas acordados até altas horas.