
Não foi um bom semestre para a Stellantis. A gigante das montadoras — dona de marcas como Fiat, Jeep e Peugeot — acabou de revelar números que deixaram o mercado com a pulga atrás da orelha. Mais de 2 bilhões de euros evaporaram no primeiro semestre de 2025. E adivinha só? As tais tarifas comerciais dos Estados Unidos têm dedo nisso.
Quem diria que aquelas medidas protecionistas do Tio Sam iriam doer tanto? A empresa, que nasceu da fusão entre FCA e PSA, viu seus custos subirem como foguete — e as vendas, bem... não acompanharam o ritmo. "Foi como tentar empurrar uma Toro com o freio de mão puxado", brincou um analista, sem graça nenhuma.
Onde está o buraco?
Olhando de perto:
- Exportações para os EUA caíram 18% — o maior tombo em cinco anos
- Custos logísticos aumentaram 27% (sim, quase um terço a mais!)
- Margens na América do Norte, que eram o carro-chefe, murcharam como pneu furado
E não pense que foi só isso. A Europa — que deveria ser o porto seguro — também não ajudou muito. Com a recessão técnica batendo na porta do Velho Continente, os consumidores preferiram segurar a grana. "Quando o orçamento aperta, o primeiro corte é no carro novo", explica um economista automotivo.
E agora, José?
A Stellantis garante que tem planos. Alguns até arriscados:
- Acelerar a produção de elétricos na América do Sul (onde as tarifas não atingem)
- Repensar toda a cadeia de suprimentos — o que pode significar mais fornecedores locais
- Investir pesado em modelos "globais" que possam ser fabricados em várias regiões
Mas será que isso basta? O mercado parece cético. As ações caíram 3,4% após o anúncio — como se os investidores tivessem pisado no freio bruscamente. "Eles precisam de um plano B, C e D", resmungou um gestor de fundos, enquanto ajustava os óculos.
Enquanto isso, as rivais não estão paradas. A Volkswagen aproveitou para cutucar: "Nossa diversificação geográfica nos protegeu". Já a Toyota — que sempre foi rainha na gestão de crises — parece ter escapado ilesa. Coincidência? Difícil dizer.
Uma coisa é certa: o segundo semestre promete. Ou melhor, ameaça. Com as eleições americanas se aproximando, ninguém espera alívio nas tarifas. Pelo contrário. "Pode piorar antes de melhorar", suspira um executivo que pediu para não ser identificado. Resta saber se a Stellantis tem combustível — ou melhor, bateria — para essa longa jornada.