
O setor automotivo brasileiro está dando sinais de cansaço — e não é só impressão. Os números falam por si: no primeiro semestre deste ano, os financiamentos de veículos sofreram uma retração de 0,7%, segundo dados que acabam de vir à tona. Parece pouco? Esse mísero percentual esconde uma realidade bem mais assustadora.
"É como se o mercado tivesse pisado no freio de repente", comenta um especialista do ramo, que prefere não se identificar. E olha que a situação já vinha ruim: nos últimos 12 meses, a queda acumulada chega a 3,5%. Quem trabalha nas concessionárias sabe — o clima é de aperto.
O que está por trás dessa crise?
Três fatores principais:
- Juros que não dão trégua (e o consumidor, é claro, pensa duas vezes antes de se endividar)
- Preços dos veículos nas alturas — alguns modelos populares custam o que um apartamento pequeno custava há dez anos
- Incerteza econômica geral, que faz todo mundo segurar o dinheiro
E tem mais: as montadoras, que antes disputavam cliente com promoções agressivas, agora parecem ter jogado a toalha. "As condições de financiamento pioraram muito", confessa um vendedor de uma grande rede em São Paulo. "Antes a gente empurrava papelada com juro subsidiado. Hoje? Esquece."
Efeito dominó
O pior é que isso não afeta só as concessionárias. O setor de autopeças já sente o baque, e até os lava-rápidos reclamam de movimento fraco. É uma cadeia inteira que depende do consumidor decidir trocar de carro — e ele simplesmente não está decidindo.
Alguns analistas mais pessimistas já falam em "inverno automotivo". Outros, mais cautelosos, preferem chamar de "estagnação preocupante". Seja como for, uma coisa é certa: o setor que já foi motor da economia brasileira agora parece precisar de uma injeção — e não de combustível, mas de confiança.