
Era uma tarde como qualquer outra em Salvador quando a notícia chegou — não com estrondo, mas com aquele silêncio que só quem viveu a era pré-redes sociais entenderia. O SuperBahia, aquele portal que virou quase um parente distante na vida dos baianos, simplesmente... acabou. Fim. Ponto final.
Quem diria, né? Depois de tantos anos narrando os causos da cidade — desde as enchentes que alagavam o Pelourinho até os discursos inflamados na Câmara Municipal —, o site baixou as cortinas. E olha que não foi sem estilo: a última matéria? Uma cobertura caprichada da histórica Rádio Sociedade, como quem diz "a gente vai embora, mas deixa o microfone ligado".
Do clique ao saudosismo
Lembro como se fosse ontem quando o SuperBahia estourou na cena digital. Enquanto outros portais engatinhavam na internet discada, eles já traziam aquelas fotos que faziam você sentir o cheiro da acarajé da Dinha. Mas os tempos mudam — e como mudam!
- Anos 2000: notícias quentinhas no seu e-mail
- 2010: vídeos que travavam no meio (mas a gente assistia mesmo assim)
- 2020: aquele tuíte certeiro que viralizava antes do café esfriar
E agora? Agora vira memória. Das boas, daquelas que a gente guarda como foto amarelada no fundo da gaveta.
O último furo: Sociedade no ar
Pra quem não conhece (será que existe alguém?), a Rádio Sociedade era — pasme — quase centenária. Imagina só: fundada quando o rádio ainda era coisa de ficção científica. O SuperBahia, com seu faro apurado, fechou a carreira contando essa história toda. Coincidência? Acho que não.
"Mas por que fechar?" — você deve estar se perguntando. Bom, entre nós, o jornalismo digital tá parecendo aquela feira de domingo: todo mundo quer, mas ninguém sabe direito como manter. Custos, algoritmos, a tal da "monetização"... Difícil competir com memes de gatinho, não é mesmo?
Ah, e antes que eu me esqueça: a equipe toda foi dispensada? Não exatamente. Alguns repórteres migraram pra outros veículos, outros resolveram dar um tempo. Vida que segue, como se diz por essas bandas.
E agora, José?
Com o SuperBahia fora do ar, sobra um vazio — daqueles que nem o melhor acarajé resolve. Onde vamos ler sobre as brigas na Assembleia com aquele tempero baiano? Quem vai traduzir o sotaque do vendedor de cocada pra quem é de fora?
Fica a lição: na pressa do digital, a gente às vezes esquece que por trás de cada portal tem gente. Muita gente. Repórteres que trocavam o almoço por um furo, editores que viraram noites, e — quem sabe? — até um estagiário que um dia errou o nome de um vereador e nunca mais esqueceu a lição.
O jeito é guardar na memória. E torcer pra que, em algum HD poeirento, estejam arquivadas todas aquelas manchetes que fizeram a Bahia — com perdão do clichê — um pouquinho mais perto de cada um de nós.