
Imagine precisar de uma transfusão e descobrir que não há sangue disponível. Essa é a realidade assustadora que Teresina enfrenta neste momento. Os estoques estão tão baixos que dão frio na espinha — apenas 25% do necessário para atender a demanda.
"É como tentar apagar um incêndio com um copo d'água", desabafa Maria Santos, coordenadora do hemocentro local. A média de doações, que já foi melhor, despencou para míseras 15 por dia. Um número que não cobre nem as emergências mais básicas.
Por que tão poucos estão doando?
Entre mitos que persistem e a correria do dia a dia, os piauienses parecem ter esquecido desse ato simples que salva vidas. E olha que a coisa é séria:
- Cirurgias eletivas estão sendo adiadas (e não, não são "só" plásticas)
- Pacientes oncológicos vivem na corda bamba
- Até partos de risco estão com o sinal amarelo ligado
Não é exagero dizer que cada bolsa de sangue falta faz diferença. Uma única doação pode salvar até quatro vidas — matemática que não fecha com os números atuais.
Como virar esse jogo?
Os requisitos são mais simples do que muita gente pensa:
- Ter entre 16 e 69 anos (menores precisam de autorização)
- Pesar no mínimo 50kg
- Estar alimentado e bem hidratado
- Não ter feito tatuagem nos últimos 3 meses
O processo todo leva menos de uma hora. Tempo menor que uma novela ou uma partida de futebol — e com impacto muito mais duradouro.
"A gente vive dizendo que quer ajudar o próximo, mas na hora H...", comenta João Pedro, estudante que doa regularmente. Ele tem razão: doar sangue é solidariedade na veia, literalmente.
Os postos de coleta em Teresina funcionam de segunda a sábado, com horários estendidos às quartas. Não custa lembrar: não há substituto para o sangue humano. Nenhum avanço tecnológico ainda superou essa necessidade básica.
Enquanto isso, nas prateleiras quase vazias do hemocentro, cada bolsa que chega é recebida como um pequeno milagre. Mas milagres, sabemos bem, não podem depender só da sorte.