
Imagine um vírus que parecia extinto voltando a assombrar as ruas. Pois é exatamente esse o pesadelo que ronda Santa Catarina — e não, não é roteiro de filme de terror. Há oito anos consecutivos, o estado não bate a meta de vacinação contra a poliomielite, doença que deixou de ser problema graças justamente às campanhas massivas do passado.
Os números são de arrepiar: em 2023, apenas 78% das crianças catarinenses receberam a dose — bem abaixo dos 95% recomendados pela Organização Mundial da Saúde. "É como dirigir sem cinto achando que nunca vai bater", compara uma enfermeira da rede pública que prefere não se identificar.
Por que tá rolando isso?
Os motivos são tantos que dá até vertigem. A começar pela tal "falsa segurança": pais que nunca viram a pólio na vida subestimam o perigo. Tem também a desinformação que viraliza mais rápido que meme no WhatsApp — sem falar na logística capenga em alguns municípios do interior.
- Medo infundado de efeitos colaterais
- Falta de campanhas impactantes
- Dificuldade de acesso em zonas rurais
E olha que ironia: enquanto o estado se gaba de ter um dos melhores IDHs do país, a imunização infantil patina feito carro na chuva. "A gente vê famílias priorizando iPhone em vez de saúde básica", dispara um agente comunitário de saúde de Joinville.
O perigo real
Não é exagero. Um único caso importado poderia detonar um surto — a pólio não tem cura, só prevenção. Lembra daquela criança que fica com sequelas pro resto da vida? Pois é, não é coisa do século passado não.
Os especialistas tão de cabelo em pé: "É questão de tempo", alerta um infectologista do Hospital Universitário. Ele cita exemplos internacionais onde doenças erradicadas voltaram com força total depois que a galera relaxou na vacina.
Enquanto isso, nas unidades básicas, o silêncio é ensurdecedor. Cadê as filas de antigamente? Onde foram parar aquelas mães que corriam com a caderneta de vacinação como se fosse ouro? Parece que virou lenda urbana.