
A situação na saúde pública de Piracicaba está, para ser direto, complicada. E não é exagero. Quem depende da farmácia básica do município está sentindo na pele – ou melhor, na saúde – os efeitos de uma crise que poderia ser evitada.
Imagine você, paciente crônico, chegar ao balcão depois de esperar horas na fila e ouvir aquela frase que ninguém quer escutar: "não tem". Pois é exatamente isso que acontece com 16 medicamentos essenciais sumiram dos estoques. Sumiram? Digamos que nunca chegaram.
O X da Questão: Um Imbróglio Contratual
O cerne do problema – e aqui a coisa fica séria – está num verdadeiro nó contratual. A prefeitura, sabe como é, tentou renovar o contrato de aquisição desses remédios. Só que… deu errado. O processo licitatório simplesmente não vingou. Ficou no zero a zero.
Resultado? Nenhum fornecedor novo assumiu o fornecimento, e os estoques foram minguando até secar de vez. Uma falha de comunicação? Um problema burocrático? Seja o que for, a conta chegou para a população.
Quem Está Pagando o Patô?
Os mais afetados são sempre os mais vulneráveis. Estamos falando de remédios para controlar pressão alta, diabetes, asma… condições que não esperam a burocracia se resolver. É desesperador.
A secretaria municipal de Saúde admite o problema, mas a explicação soa distante da realidade de quem precisa do remédio hoje. Dizem que estão «correndo atrás» de uma solução emergencial. Enquanto isso, nas unidades de saúde, a frustração é palpável.
A Lista que Ninguém Queria Ver
Eis os 16 medicamentos que viraram artigo de luxo na rede pública de Piracicaba:
- Losartana (para hipertensão)
- Metformina (diabetes)
- Atenolol (pressão e coração)
- Captopril (outro anti-hipertensivo)
- Dipirona sódica (aquele básico para dor)
- Budesonida (asma – e isso é grave)
- Hidroclorotiazida
- Propranolol
- Sinvastatina
- Omeprazol
- Ácido acetilsalicílico
- Amoxicilina
- Maleato de enalapril
- Glibenclamida
- Paracetamol
- Sulfato de salbutamol
Olha só a variedade. É de cair o queixo. Desde um simples analgésico até bombinhas para asma. Uma verdadeira loteria da falta de sorte.
E Agora, José?
A pergunta que fica, e que nenhum paciente quer fazer em voz alta, é: o que fazer? A orientação oficial é que as pessoas retornem às unidades onde fazem acompanhamento. Mas, francamente, sem o remédio na prateleira, fica complicado.
Algumas famílias estão se virando como podem – dividindo doses, comprando quando o orçamento permite (o que é um absurdo) ou simplesmente ficando sem. Uma roleta-russa com a saúde.
Espera-se, claro, que a tal «solução emergencial» apareça rápido. Porque saúde não é mercadoria que pode ficar esperando na fila. A população de Piracicaba merece mais do que promessas vazias e prateleiras vazias.