
Parece que a GEAP tá nadando em águas turvas — e os hospitais de Roraima não estão nada satisfeitos. A situação, que já vinha esquentando nos bastidores, explodiu nesta semana com denúncias pesadas sobre falta de transparência nos repasses financeiros. Resultado? Um prejuízo que pode afetar diretamente 17 mil usuários do plano.
"É como se a gente estivesse dirigindo com o tanque na reserva", desabafa um diretor hospitalar que preferiu não se identificar. Segundo ele, os atrasos nos pagamentos viraram rotina, mas o pior mesmo é a completa falta de diálogo. "Mandamos e-mails, fazemos ligações, e só recebemos respostas evasivas ou silêncio."
O que está em jogo?
Não é exagero dizer que o caldo entornou. Pelo menos três grandes hospitais do estado já acenderam o sinal vermelho:
- Procedimentos eletivos sendo adiados "indefinidamente"
- Compra de medicamentos essenciais comprometida
- Equipes médicas trabalhando no limite da exaustão
E o pior? A GEAP, que deveria ser a âncora nessa tempestade, parece mais interessada em jogar areia nos olhos dos credores. "Quando questionamos os valores repassados, recebemos planilhas incompletas ou com cálculos que não batem", reclama uma fonte do setor financeiro de um hospital.
Números que não fecham
Detalhe curioso: em alguns casos, os valores pagos pela operadora chegam a ser 40% menores do que o combinado. "É como se fizessem um desconto unilateral", ironiza um administrador, enquanto mostra notas fiscais não quitadas que já acumulam meses de atraso.
E não pense que isso é problema só dos hospitais. No final da cadeia, quem se ferra mesmo é o paciente — aquele que paga religiosamente sua mensalidade todo mês. "Tive minha cirurgia remarcada três vezes", conta a aposentada Maria das Graças, 68 anos. "Dizem que não há vaga, mas todo mundo sabe que o problema é falta de pagamento."
O outro lado da moeda
Procurada, a GEAP soltou uma daquelas notas que mais enrolam que explicam. Falam em "realinhamento de processos" e "otimização de fluxos" — linguajar corporativo que, na prática, significa pouco para quem está na fila do SUS porque o plano não cumpriu sua parte.
Enquanto isso, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) diz que está "acompanhando o caso". Só que, entre acompanhar e resolver, existe um abismo que 17 mil pessoas em Roraima não podem atravessar sozinhas.
Uma coisa é certa: se o impasse continuar, a conta vai chegar — e quem vai pagar, como sempre, é o cidadão comum. Seja com a saúde prejudicada, seja com o bolso mais vazio.