Arritmia cardíaca cresce 31% em Campinas em 2025 com aumento de mortes súbitas
Arritmia cardíaca aumenta 31% em Campinas em 2025

Aumento alarmante de arritmias e mortes súbitas em Campinas

A região de Campinas enfrenta uma situação preocupante no que diz respeito à saúde cardiovascular. Entre janeiro e agosto de 2025, foram registradas 200 mortes súbitas na área do Departamento Regional de Saúde de Campinas, que atende 41 municípios. Este número representa um aumento significativo de 14,94% em comparação com o mesmo período de 2024, quando ocorreram 174 óbitos.

Casos de arritmia cardíaca disparam na região

Os atendimentos por arritmia cardíaca apresentaram crescimento ainda mais expressivo. O número saltou de 1.445 registros em 2024 para 1.893 em 2025, representando um aumento preocupante de 30,99% no período analisado de janeiro a agosto.

O cenário no estado de São Paulo como um todo também preocupa especialistas. Os atendimentos por arritmia cresceram 14,21%, passando de 43.706 para 49.900 casos. As mortes súbitas chegaram a 1.500 em todo o estado, com aumento de 6,38% em relação ao ano anterior.

O que é arritmia cardíaca e quais os riscos?

A arritmia cardíaca consiste em uma alteração nos batimentos do coração que pode se manifestar de diferentes formas: batimentos acelerados (taquicardia), lentos (bradicardia) ou irregulares, mesmo quando aparentam frequência normal. Os sintomas mais comuns incluem palpitações, tontura, desmaios e mal-estar geral. Nos casos mais graves, essa condição pode evoluir para morte súbita.

Em Campinas, os dados revelam que a maioria dos casos de arritmia ocorre em pessoas com 75 anos ou mais, com distribuição equilibrada entre homens e mulheres.

Especialista aponta múltiplos fatores para o aumento

O médico cardiologista Hugo Bellotti, diretor de Estimulação Cardíaca e Eletrofisiologia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, analisa as possíveis causas para este crescimento preocupante:

  • Sedentarismo e falta de atividade física regular
  • Alimentação inadequada e desbalanceada
  • Estresse crônico no dia a dia
  • Tabagismo e consumo excessivo de álcool
  • Hipertensão e diabetes sem controle adequado
  • Inflamações cardíacas como sequela da Covid-19
  • Maior procura por check-ups e exames preventivos

"O estilo de vida atual da população está mais estressante do que no passado", observa Bellotti. "Notamos cada vez mais indivíduos hipertensos e diabéticos em tratamento. Com os avanços da medicina, as pessoas estão vivendo mais, ficando mais idosas. Consequentemente, o número de doenças cardiovasculares aumenta naturalmente".

Prevenção e tratamento são fundamentais

O cardiologista esclarece que nem todas as arritmias têm cura, mas a grande maioria pode ser controlada eficazmente através de medicamentos e mudanças no estilo de vida. Em casos específicos, é possível realizar a ablação, procedimento minimamente invasivo que cauteriza a área cardíaca responsável pela arritmia.

"Através da ablação, cauterizamos a região responsável pelo problema e o paciente fica curado", explica o especialista.

Bellotti reforça que a prevenção continua sendo a melhor estratégia para evitar complicações graves. As principais recomendações incluem:

  • Manter alimentação balanceada, rica em frutas, verduras e grãos integrais
  • Reduzir consumo de sal e gorduras
  • Praticar atividade física regular (mínimo de 150 minutos semanais)
  • Evitar tabagismo e moderar consumo de álcool
  • Controlar pressão arterial, colesterol e glicemia
  • Gerenciar estresse através de meditação e atividades prazerosas

"A arritmia nem sempre apresenta sinais evidentes, mas pode ser detectada em exames simples como o eletrocardiograma", orienta o médico. "O diagnóstico precoce é nosso principal aliado na prevenção de complicações graves. Manter uma rotina de exames e hábitos saudáveis é essencial para reduzir os riscos".

Os dados reforçam a importância de campanhas de conscientização sobre saúde cardiovascular e a necessidade de investimentos em prevenção e tratamento na região de Campinas.