Em um discurso contundente durante sua primeira missa dominical após ser impedido de realizar transmissões online, o Padre Júlio Lancellotti acusou, neste domingo (21 de dezembro de 2025), a existência de uma conspiração contra as ações da Pastoral de Rua. A proibição partiu da Arquidiocese de São Paulo, liderada pelo cardeal Dom Odilo Scherer.
Discurso de resistência e defesa dos vulneráveis
Ao final da celebração, o religioso, conhecido por sua atuação em defesa de populações marginalizadas, expressou preocupação com o futuro. “Eu não sei o que é que vai acontecer nas próximas semanas, porque, assim como nós nos juntamos para dizer que somos irmãos, muitos se juntam também para conspirar contra”, declarou Lancellotti.
Ele enfatizou que os críticos do trabalho social não conhecem sua história e dimensão. “O que é interessante é que os que atacam não conhecem a história, não sabem tudo o que foi vivido”, completou o padre, convidando a todos para verem de perto as atividades desenvolvidas.
Obras sociais e sustento por doações
Em sua fala, Lancellotti detalhou parte do trabalho assistencial, citando centros de acolhimento como o Centro Santa Dulce, a Casa Santa Virgínia e a Casa Nossa Senhora das Mercês. Ele destacou a independência financeira das ações. “O pão que é feito na padaria... nada disso é custeado pelo poder público e por nenhuma outra instância. É a boa vontade de todos”, explicou, referindo-se à produção de dois mil pães diários que são distribuídos.
Defesa intransigente de causas sociais
O padre reafirmou seu compromisso com grupos historicamente discriminados, em uma declaração que misturou fé e ativismo. “Até o fim, nós estaremos com aqueles que lutam pela terra, pelos povos indígenas, pelas mulheres, pelos negros, por todos os que são discriminados, pela Palestina livre”, proclamou.
Ele concluiu com uma mensagem de resiliência: “Mesmo que em alguns momentos sejamos diminuídos, alvejados e feridos, mesmo machucados e sangrando, nós amaremos até o fim”.
Transmissão mantida apesar do veto
Apesar da determinação da Arquidiocese para que o padre não utilizasse redes sociais, a missa deste domingo foi transmitida ao vivo. A cobertura foi realizada pelo coletivo Rede Jornalistas Livres, através de seu perfil no Instagram, contornando a proibição formal.
A Arquidiocese de São Paulo, procurada pela Agência Brasil ao longo da semana que antecedeu o episódio, não se pronunciou sobre o caso até o momento da publicação desta notícia.