Presidente Prudente reduz jornada de agentes de combate à dengue em meio a surto alarmante
Agentes de dengue têm jornada reduzida em Presidente Prudente

Eis que a prefeitura de Presidente Prudente resolveu tomar uma decisão no mínimo curiosa: reduzir a jornada de trabalho justamente daqueles que combatem o mosquito da dengue. Sim, você leu certo. Num momento em que os casos não param de aumentar, os agentes de endemias terão que fazer mais em menos tempo.

Parece piada de mau gosto, mas é a pura realidade. A medida, publicada no Diário Oficial do município, altera a carga horária de 40 para 30 horas semanais. A justificativa? "Melhorar a qualidade de vida dos servidores". Será mesmo?

O que muda na prática?

Os agentes, que são nossos olhos e ouvidos nas ruas, agora terão menos tempo para vistoriar residências, eliminar focos do mosquito e orientar a população. E olha que estamos falando de uma região que tradicionalmente sofre com epidemias de dengue!

Imagine só: com menos horas de trabalho, como esperam cobrir a mesma área? A matemática simplesmente não fecha. É como tentar apagar um incêndio com um conta-gotas.

Repercussão entre os profissionais

Entre os agentes, o clima é de perplexidade. "A gente já trabalha sob pressão, com metas quase impossíveis, e agora ainda reduzem nosso tempo de campo", desabafa um profissional que preferiu não se identificar. Medo de represálias, sabe como é?

Outro ponto preocupante: a redução salarial que acompanha a diminuição da jornada. Muitos dependem desse rendimento para sustentar suas famílias. "Vamos ter que fazer malabarismos para chegar no fim do mês", comenta outro agente.

O lado da prefeitura

Já a administração municipal defende a medida como uma forma de valorizar os servidores. Alegam que a redução trará mais qualidade de vida e, consequentemente, mais eficiência no trabalho. Teoria bonita, mas será que na prática funciona assim?

Especialistas em saúde pública ouvidos pela reportagem demonstram ceticismo. "Num momento de alta nos casos, o ideal seria ampliar, não reduzir, a atuação desses profissionais", alerta uma infectologista que atua na região.

E a população?

Para o cidadão comum, a notícia soa como um tremendo desserviço. Maria Silva, dona de casa, não esconde a preocupação: "Todo ano é a mesma coisa: dengue matando gente. E agora vão diminuir o trabalho de prevenção? Não entendo".

Fato é que a cidade precisa estar atenta. Com menos agentes nas ruas, a responsabilidade de cada um no combate ao mosquito aumenta ainda mais. Eliminar água parada, manter caixas d'água fechadas e não acumular lixo tornam-se medidas ainda mais cruciais.

Resta saber se a estratégia da prefeitura vai dar certo ou se vamos colher os frutos amargos dessa decisão nos próximos meses. Torcemos para que a dengue não saia vitoriosa nessa batalha.