
Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um aumento significativo no número de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Especialistas apontam que esse crescimento pode ser resultado de uma combinação de fatores, incluindo maior conscientização, mudanças nos critérios diagnósticos e até mesmo possíveis excessos na avaliação.
O que está por trás do aumento de diagnósticos?
Segundo o psiquiatra Joel Rennó Jr., professor da USP, vários elementos contribuem para esse cenário:
- Maior acesso à informação: pais e educadores estão mais atentos aos sinais do autismo
- Ampliação dos critérios diagnósticos: o manual DSM-5, usado como referência, tornou os critérios mais abrangentes
- Redução do estigma: diminuição do preconceito em relação ao diagnóstico
Riscos de diagnósticos precipitados
O especialista alerta que, embora o aumento da detecção seja positivo em muitos casos, existe o risco de diagnósticos equivocados ou precoces, especialmente quando feitos sem avaliação multidisciplinar completa.
"Algumas características do desenvolvimento infantil normal podem ser confundidas com autismo", explica Rennó Jr. "É fundamental que o diagnóstico seja feito por equipe especializada."
Desafios no sistema de saúde
O crescimento nos diagnósticos também pressiona o sistema de saúde brasileiro, que muitas vezes não está preparado para oferecer o acompanhamento adequado a todos os casos identificados.
Especialistas defendem a necessidade de:
- Maior capacitação de profissionais
- Expansão de serviços especializados
- Políticas públicas mais efetivas
O fenômeno coloca em debate como equilibrar a identificação precoce, essencial para intervenções eficazes, com a necessidade de evitar rotulações inadequadas que podem trazer mais prejuízos que benefícios.