
O que parecia um problema do passado voltou com força total em Santa Catarina. A coqueluche, doença que muitos achavam controlada, já infectou 97 pessoas só neste ano — e o pior: duas delas não resistiram. Bebês, frágeis e ainda sem defesas, são as principais vítimas.
Não é exagero dizer que o estado está em alerta vermelho. As secretarias de saúde já estão de cabelo em pé, correndo contra o tempo para evitar que mais famílias passem pelo desespero de perder um filho para uma doença que, teoricamente, poderia ser evitada.
Por que os bebês são os mais afetados?
Simples: eles ainda não completaram o esquema vacinal. Enquanto os adultos — que deveriam estar imunizados — negligenciam a vacina, as crianças pagam o preço. Uma ironia cruel da saúde pública.
Os sintomas? Começa como um resfriado bobo, mas em poucos dias vira um pesadelo:
- Tosse incontrolável que deixa a criança roxa
- Dificuldade para respirar entre os acessos
- Vômitos após crises intensas
- Barulho característico ao inspirar (aquele "guincho")
"A gente pensa que é só uma gripe forte até ver o bebê sufocando", relata uma mãe que preferiu não se identificar. Ela passou três noites em claro no hospital com o filho de 4 meses.
Vacinação: a saída óbvia que muitos ignoram
O calendário básico prevê três doses para os pequenos (aos 2, 4 e 6 meses), além de reforços. Mas aqui vai o pulo do gato: os adultos ao redor precisam estar vacinados também. É a chamada "proteção de rebanho" — quando todo mundo se protege, os que não podem se vacinar ficam mais seguros.
As gestantes têm papel crucial nessa história. A vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular), aplicada a partir da 20ª semana, passa anticorpos para o feto. Uma espécie de "escudo temporário" até que o bebê possa receber suas próprias doses.
Mas adivinha? A cobertura vacinal está abaixo do ideal. Muito abaixo. E agora colhemos os frutos amargos dessa negligência coletiva.
O que fazer diante do surto?
As autoridades recomendam:
- Verificar a caderneta de vacinação de toda a família
- Correr para o posto de saúde se houver atrasos
- Ficar alerta aos primeiros sintomas — em bebês, a doença progride rápido
- Evitar aglomerações com recém-nascidos
Enquanto isso, os hospitais se preparam para o pior. Leitinhos de UTI neonatal já estão disputados, e os pediatras trabalham no limite. "É desgastante ver crianças sofrendo por algo evitável", desabafa um médico que atende na região mais afetada.
O recado está dado. Resta saber se a população vai acordar a tempo — ou se vamos ver mais pequeninos pagando o preço da nossa desatenção.