Brasil dá um salto na saúde pública: maior biofábrica de mosquitos do mundo é inaugurada para combater dengue e outras doenças
Maior biofábrica de mosquitos do mundo é inaugurada no Brasil

Imagine um exército de mosquitos trabalhando a favor da saúde pública. Pois é exatamente isso que o Brasil acaba de colocar em campo — e em grande estilo. Nesta sexta-feira (19), foi inaugurada em Campinas aquele que já nasce como o maior centro de produção biológica do mundo voltado ao combate de doenças transmitidas por mosquitos.

E olha que não estamos falando de qualquer mosquito. A biofábrica vai produzir em massa os chamados Aedes do bem — aqueles que carregam uma bactéria capaz de impedir a transmissão de vírus como dengue, zika e chikungunya. Uma tecnologia que, diga-se de passagem, já vinha sendo testada com sucesso em algumas cidades brasileiras.

Números que impressionam

Os números dessa megaestrutura são de deixar qualquer um de queixo caído:

  • Capacidade para produzir 5 bilhões de mosquitos por ano
  • Área total de 5.000 m² — equivalente a quase 5 campos de futebol
  • Investimento inicial de R$ 100 milhões

"É como se estivéssemos abrindo uma fábrica de vacinas vivas", brincou um dos pesquisadores envolvidos no projeto, referindo-se à Wolbachia — a bactéria "mágica" que esses mosquitos carregam e que bloqueia a transmissão viral.

Como funciona essa revolução?

O método é tão engenhoso quanto simples:

  1. Mosquitos machos com Wolbachia são criados em laboratório
  2. Eles são liberados no ambiente para acasalar com fêmeas selvagens
  3. Os ovos resultantes não eclodem — reduzindo drasticamente a população de Aedes

E o melhor? Tudo isso sem usar um pingo de inseticida. "É a natureza trabalhando para a natureza", definiu uma bióloga que acompanha o projeto desde os primeiros testes.

Mas calma lá — isso não significa que os mosquitos vão sumir completamente. A ideia é manter um equilíbrio, reduzindo apenas os vetores de doenças. Afinal, como bem lembrou um especialista, "os mosquitos também têm seu papel no ecossistema".

O que esperar para o futuro?

Os primeiros municípios a receberem os "mosquitinhos do bem" já estão sendo selecionados. E a expectativa é que, em cinco anos, a tecnologia esteja presente em todas as regiões do país.

Enquanto isso, a comunidade científica comemora. "Finalmente estamos virando o jogo contra essas doenças que assolam o Brasil há décadas", comemorou uma pesquisadora da Fiocruz. Resta torcer para que essa aposta — grande, ousada e totalmente brasileira — dê os resultados esperados.