
A realidade da saúde pública no Rio Grande do Norte acaba de ganhar um capítulo triste — e preocupante. O Hospital Infantil Varela Santiago, referência em Natal, teve que bloquear parte dos leitos de UTI neonatal nesta quinta-feira (8). Motivo? Falta de materiais básicos e remédios essenciais.
Não é exagero dizer que a situação beira o desespero. Enquanto políticos discutem verbas em Brasília, bebês prematuros ou com complicações graves ficam sem atendimento especializado. "É como pilotar um avião sem combustível", desabafa uma enfermeira que preferiu não se identificar — medo de represálias, você sabe como é.
O que falta exatamente?
A lista é longa — e vergonhosa para um país que se diz em desenvolvimento:
- Cateteres umbilicais (item crucial para recém-nascidos)
- Medicamentos vasoativos (controlam pressão arterial)
- Sondas especiais para neonatos
- Soluções nutricionais parenterais
Curiosamente, o problema não é novo. Desde junho, os profissionais vinham fazendo "malabarismos heroicos" (nas palavras de um residente) para manter o serviço funcionando. Agora, a corda arrebentou do lado mais fraco: os pacientes.
Efeito dominó
Com menos leitos disponíveis, o hospital precisou:
- Priorizar apenas casos extremamente graves
- Redirecionar outras emergências para unidades já sobrecarregadas
- Suspender cirurgias eletivas que necessitam de UTI pós-operatória
"É uma bola de neve", comenta o diretor clínico, em tom resignado. "Quando você pensa que chegou no fundo do poço, aparece alguém com uma pá."
Enquanto isso, nas redes sociais, parentes de pacientes compartilham desabafos emocionados. Uma mãe postou foto do filho prematuro com a legenda: "Meu guerreiro lutou para nascer, agora luta contra a negligência". A imagem viralizou — mas, como sempre, likes não compram medicamentos.