
Era pra ser mais uma tarde comum no bairro Vila São João, em Itapetininga — até que o choro desesperado de uma mãe cortou o ar como uma faca. "Ele não está respirando!", gritava ela, segurando o pequeno Miguel, de apenas quatro meses, que ficara roxo após se engasgar com leite materno.
Por sorte — ou destino —, a viatura da PM passava exatamente naquele momento. Os cabos Rodrigues e Santana, com 12 e 9 anos de corporação respectivamente, não pensaram duas vezes. "A gente treina pra isso, mas na hora H é sempre diferente", confessou Rodrigues depois, ainda com as mãos tremendo.
120 segundos que pareceram uma eternidade
Enquanto Santana acionava o SAMU, Rodrigues aplicou as manobras de desengasgo que aprendera num curso voluntário no ano passado. Dois minutos de angústia — tempo suficiente para a vizinhança toda se aglomerar na calçada — até que o bebê tossisse e voltasse a chorar, para alívio geral.
- Dados alarmantes: 90% dos engasgos infantis acontecem em casa
- Sinal vital: Chorar após o incidente é ótimo sinal
- Dica profissional: Nunca tente "pescar" o objeto com os dedos
A mãe, uma jovem de 22 anos que preferiu não se identificar, quase desmaiou quando viu o uniforme azul chegando. "Parecia um anjo vindo do asfalto quente", descreveu ela, abraçando o filho que agora dormia pacificamente no carro da polícia — ironicamente transformado em berço improvisado.
Lições que salvam vidas
O caso reacendeu o debate sobre a importância de treinamento básico em primeiros socorros. O tenente Almeida, comandante da 2ª Companhia, já planeja mutirões comunitários: "Se dependesse de burocracia, estaríamos perdendo vidas. Às vezes é preciso agir primeiro e preencher papel depois".
Enquanto isso, na casa humilde da família, uma nova rotina inclui colher de sobremesa ao lado do berço — instrumento improvável que, segundo os médicos, poderia ter evitado todo o susto se usada corretamente durante a amamentação. Detalhes que fazem diferença entre o pânico e a paz doméstica.