
Num cantinho escondido do Rio Grande do Sul, Coqueiro Baixo não é só mais um ponto no mapa. É um lugar onde o tempo parece desacelerar, e os saberes dos avós viram tesouros compartilhados. Neste 26 de julho, a cidade que detém o título de mais idosa do Brasil preparou uma celebração que mistura lágrimas, risadas e muita prosa boa.
Não é só café com bolo
Enquanto em outros lugares o Dia dos Avós passa quase despercebido, aqui vira evento de rua. A prefeitura organizou uma programação que começou cedo — bem cedo, como gostam os veteranos — com oficinas de memória, roda de chimarrão e até um concurso de "causos" da velha guarda. Dona Maricota, 94 anos, já garantiu seu lugar no palco: "Tenho história pra encher três tardes, mas vou resumir... ou tentar", diverte-se.
Os números explicam a devoção: 31% dos moradores têm mais de 60 anos. Uma estatística que, longe de ser problema, virou orgulho. "A gente aprende que envelhecer é privilégio, não defeito", reflete o prefeito, ele mesmo um senhor de 68 anos que ainda joga bocha nas horas vagas.
Segredos da longevidade
- Ar puro que chega direto dos vales verdejantes
- Ritmo lento onde até os relógios parecem bater mais devagar
- Costume arraigado de almoçar em família — sempre com alguém gritando "come quente!"
- Falta absoluta de pressa para tudo, menos para abraçar
Neste ano, a novidade foi o "Banco de Memórias": jovens entrevistam os mais velhos para registrar histórias que os livros não contam. "Descobri que meu avô fugiu a cavalo do alistamento militar em 1950. Agora sei de onde vem meu espírito rebelde", ri a neta Gabriela, 17 anos.
Quando o sol se põe sobre as colinas, a festa continua com música antiga — aquela que "não precisa de autotune", como definiu um vovô dançante. E se alguém acha que idoso não curte tecnologia, precisa ver a fila para a "foto 3G" (três gerações no mesmo frame). Coqueiro Baixo prova, mais uma vez, que envelhecer pode ser — quem diria? — a melhor parte da viagem.