
O que acontece quando uma comunidade simplesmente vira as costas para as vacinas? No Tocantins, a resposta chegou com força: um surto de sarampo que já preocupa as autoridades. E o pior? O foco está justamente onde a imunização não é prioridade.
O ministro da Saúde não economizou nas palavras ao revelar o cenário. "É como enxugar gelo", comparou, referindo-se à dificuldade de conter a doença em grupos que resistem à vacinação. Segundo ele, a situação atual poderia ter sido evitada – mas agora, o preço está sendo pago.
Números que assustam
Enquanto o Brasil comemorava a erradicação do sarampo em 2016, algumas comunidades mantinham hábitos que colocariam tudo a perder. Agora, no Norte do país:
- Casos confirmados aumentaram 300% em um mês
- Crianças menores de 5 anos são as mais afetadas
- Postos de saúde estão sobrecarregados
Não é exagero dizer que estamos diante de uma tempestade perfeita. Com a baixa cobertura vacinal – que nem chega a 60% na região –, o vírus encontrou terreno fértil para se espalhar.
Desinformação: o inimigo invisível
Se você pensa que é só falta de acesso à saúde, pode repensar. Nas palavras de um agente comunitário que prefere não se identificar: "Tem gente que acredita mais em fake news do que em médico". E não é brincadeira.
Os boatos que circulam por aplicativos de mensagem fizeram mais vítimas do que o próprio vírus. Desde teorias absurdas sobre efeitos colaterais até histórias de que a vacina seria "contra a vontade de Deus". Enquanto isso, as enfermarias não param de encher.
O que está sendo feito?
O Ministério da Saúde prometeu enviar:
- Equipes volantes para áreas de difícil acesso
- Campanhas de conscientização em linguagem local
- Reforço no estoque de vacinas
Mas será que isso basta? Para a Dra. Luana Mendes, infectologista que atua na região, o problema é mais profundo: "Não adianta levar a vacina se não levarmos também confiança". Ela tem um ponto – e dos bons.
Enquanto a discussão continua, uma coisa é certa: o sarampo voltou com tudo, e dessa vez parece ter vindo para ficar. A menos que, claro, a população entenda que vacina não é opção – é obrigação.