
Pense numa história que atravessa gerações. Não é só sobre tijolos e cimento, mas sobre vidas. A Santa Casa de Misericórdia de Maceió, aquela que parece ter sempre estado lá, acaba de completar nada menos que 174 anos. Uma data redonda? Nem tanto, mas que carrega um peso emocional enorme.
E olha que curioso: tudo começou lá atrás, em 1851, num Brasil ainda Império. D. Pedro II nem era tão velho assim, e Maceió era uma província em formação. A necessidade de um lugar para acolher os doentes, os desvalidos, falou mais alto. Um grupo de cidadãos – visionários para a época, diga-se – se uniu e botou a mão na massa. A semente daquilo que viria a ser um gigante da saúde foi plantada.
Muito Mais que um Hospital
Hoje, quem passa pela Rua Barão de Anadia, no Centro, vê uma estrutura imponente. Mas a Santa Casa sempre foi – e isso é o que realmente importa – muito mais que suas paredes. Ela se transformou num verdadeiro braço direito do SUS na capital alagoana. É uma daquelas instituições que funciona 24 horas por dia, sem nunca fechar as portas. Um refúgio.
O que me impressiona, sinceramente, é a capacidade de se reinventar. De acompanhar a evolução da medicina – que mudou radicalmente desde o século XIX – sem nunca perder seu DNA principal: a caridade. A gente fala em atendimento humanizado como se fosse um conceito novo, mas a Santa Casa pratica isso desde sempre. É no olho no olho, no acolhimento.
Um Legado que se Renova a Cada Geração
E não para por aí. A instituição é um celeiro de formação de profissionais. Quantos médicos, enfermeiros, técnicos deram seus primeiros passos dentro desses corredores? É uma história viva, que se renova com cada novo residente, com cada estagiário que aprende o ofício da cura com um misto de técnica e compaixão.
Celebrar 174 anos não é só olhar para o passado com nostalgia. É, sobretudo, reconhecer uma resistência silenciosa. Num país com tantas instabilidades, manter uma obra dessas de pé, com qualidade e compromisso social, é uma vitória diária. É uma demonstração prática de que a sociedade civil organizada pode – e deve – fazer a diferença.
Parece clichê, mas é a mais pura verdade: a Santa Casa de Maceió é mais que um hospital. É um patrimônio afetivo da cidade. Uma memória coletiva de cuidado, uma certeza de amparo para quem mais precisa. E que venham muitos e muitos outros anos.