
Um estivador do Porto de Santos decidiu levar sua luta às últimas consequências. José Pereira da Silva, de 58 anos, iniciou uma greve de fome em frente à Câmara dos Deputados, em Brasília, como forma de protesto contra um projeto de lei que pode alterar profundamente os direitos trabalhistas da categoria.
O que está em jogo no protesto
O movimento surge como resposta ao Projeto de Lei 2.189/2024, que propõe mudanças significativas na regulamentação do trabalho portuário. De acordo com os sindicatos da categoria, a proposta representa um retrocesso nos direitos conquistados ao longo de décadas.
"Não estamos aqui por vontade própria, mas por necessidade", declarou José Pereira, visivelmente emocionado. "Esta greve de fome é o último recurso que nos resta para chamar a atenção dos deputados para as consequências devastadoras desse projeto".
Reivindicações da categoria
- Manutenção dos direitos trabalhistas históricos
- Preservação da estabilidade no emprego
- Garantia das condições de trabalho seguras
- Proteção contra a precarização do trabalho portuário
Apoio e solidariedade
O protesto solitário não passou despercebido. Colegas de trabalho e representantes sindicais já manifestaram apoio ao movimento, organizando vigílias e coletas de assinaturas contra o projeto.
Maria Aparecida, esposa do grevista, expressou sua preocupação: "É doloroso ver meu marido arriscar a saúde por uma causa justa, mas entendemos que é uma luta por todos os trabalhadores portuários".
Impacto no maior porto da América Latina
O Porto de Santos, considerado o maior complexo portuário da América Latina, movimenta bilhões em commodities anualmente. Qualquer alteração na legislação trabalhista pode afetar diretamente a operação do porto e, consequentemente, a economia nacional.
Especialistas alertam que as mudanças propostas podem criar um efeito dominó em toda a cadeia logística, afetando desde os trabalhadores até os exportadores brasileiros.
O que diz o projeto de lei
O PL 2.189/2024, em análise na Câmara dos Deputados, propõe:
- Flexibilização das regras de contratação
- Alterações no regime de trabalho
- Modificações no sistema de remuneração
- Novas normas para a organização do trabalho portuário
O governo federal ainda não se manifestou oficialmente sobre o protesto, mas fontes do Planalto indicam que o assunto será discutido em reunião de emergência nos próximos dias.
Enquanto isso, José Pereira segue em frente ao Congresso Nacional, determinado a continuar sua greve de fome até que os deputados se comprometam a revisar o projeto que considera "uma ameaça à dignidade dos trabalhadores portuários".