
Não é de hoje que a corda anda esticada entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Manaus, mas a paralisação dos ônibus desta quinta-feira (12) mostrou que o estopim finalmente explodiu. E quem pagou o pato? Ora, o usuário, claro. Principalmente os milhares de estudantes que dependem do passe livre para chegar às aulas.
O que começou como um mero desentendimento burocrático transformou-se num cabo de guerra de egos – e a população no meio do fogo cruzado. A prefeitura, capitaneada por Hissa Abrahão (PDT), alega que o estado simplesmente não repassou os recursos devidos do passe estudantil. Já o governo, sob o comando de David Almeida (Avante), rebate: pagou tudo direitinho, e ainda por cima adiantou uma grana para cobrir despesas.
Quem está com a razão? Bom, a verdade é que ninguém sabe ao certo.
E no vácuo dessa disputa, os ônibus pararam. De repente, milhares de pessoas se viram perdidas nos pontos, sem saber como ir para o trabalho, para a escola, para a vida. O caos foi instantâneo. E previsível, diga-se de passar.
A Sinetramm (o sindicato das empresas de transporte) não fez por menos: simplesmente decidiu cruzar os braços. A justificativa? A falta do repasse financeiro que, segundo eles, inviabiliza o funcionamento do sistema. Sem dinheiro, não há ônibus. Simples assim.
E os estudantes? Ah, os estudantes...
Esses são os verdadeiros reféns dessa briga. Imagina você, dependendo de um benefício social para estudar, e do nada ele vira moeda de troca entre prefeitura e governo. É de revirar o estômago, não é?
O passe livre estudantil não é favor. É direito. E ver ele sendo usado como arma política é, no mínimo, deprimente. Enquanto os gestores se digladiam em gabinetes refrigerados, são os estudantes de famílias humildes que enfrentam o sol forte de Manaus para chegar à escola.
E o que dizem as partes envolvidas?
A prefeitura jura de pés juntos que o estado está em débito. E não é pouco: falam em R$ 40 milhões só de 2025. Já o estado dispara: “Isso é falácia!”. Afirmam que cumpriram com todas as obrigações e ainda adiantaram R$ 15 milhões para ajudar no rombo. E agora, José?
No fim das contas, o que sobra para o cidadão é a sensação de abandono. De que os políticos brigam, mas quem se ferra é sempre o mesmo. O transporte público em Manaus já não é nenhuma maravilha – agora, imagine sem ele.
Espera-se que a negociação avance. Que o impasse se resolva. Mas uma coisa é certa: a imagem que fica é a de que o poder público, muitas vezes, esquece para quem trabalha. E o povo, ah, o povo segue resistindo. Como sempre.